Rui Falcão tem negociado diretamente com os deputados do PT dentro do Conselho de Ética.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Numa queda de braço com o Palácio do Planalto, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, pediu aos deputados federais petistas que integram o Conselho de Ética que se posicionem pelo prosseguimento do processo de cassação do mandato do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em conversa por telefone na noite da terça-feira (1.º), o dirigente petista ressaltou que o partido “não pode passar por esse desgaste” e que a participação da sigla no arquivamento do processo contra o peemedebista “vai acabar com a imagem” do PT.

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Na direção oposta do governo federal, que tem pressionado os três deputados federais a encerrarem a investigação contra Cunha, Falcão defendeu nas redes sociais que os parlamentares petistas votem pela admissibilidade do processo. Sob fogo cruzado, Zé Geraldo (PT-PA), Valmir Prascidelli (PT-SP) e Leo de Brito (PT-AC) pretendem consultar neste final de semana tanto o Palácio do Planalto como a Executiva Nacional do PT para definir uma posição.

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Como a votação do Conselho de Ética foi adiada novamente nesta quarta-feira (2), os três petistas querem definir uma posição conjunta até terça-feira (8), quando acreditam que deverá ocorrer a deliberação. “Nós precisamos deliberar, porque partido é partido e governo é governo”, explicou Zé Geraldo.

Os defensores de um acordo com Cunha, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acreditam que ele engavetará pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff se conseguir salvar seu mandato no Conselho de Ética.

No entanto, a direção do PT, a maioria da bancada e até uma ala minoritária do governo decidiu remar na corrente contrária. Eles defendem a tese de que salvar Cunha seria manter nas mãos dele um “cheque em branco” para chantagear a presidente. Pregam, inclusive, que a presidente deve “pagar para ver” e encarar a discussão sobre seu afastamento.

Sentindo o clima de divisão no PT, Cunha indicou que poderá mudar o relator da proposta do governo de recriar a CPMF caso os deputados petistas votem pelo arquivamento de sua cassação. Nesta terça, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Arthur Lira (PP-AL), aliado de Cunha, indicou-se relator da recriação do imposto, o que desagradou ao Palácio Planalto.

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