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As construtoras do consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4 do Metrô, ainda procuram uma explicação para o desabamento da futura estação Pinheiros, na última sexta-feira, na zona oeste da capital. Nesta quinta-feira, pela primeira vez, os engenheiros responsáveis pela obra conversaram, com exclusividade, com o Jornal Nacional. A conversa, no entanto, não pode ser gravada. Segundo os entrevistados, para não dar voz nem rosto à tragédia antes que a investigação termine.

Os engenheiros dizem que não sabem a causa do desmoronamento. Eles afirmaram que a ruptura foi súbita e, por enquanto, inexplicável. Segundo o consórcio, o intervalo entre o estalo no túnel e o desabamento da rua não foi maior do que dois minutos – conclusão que vem do relato dos operários que estavam na obra.

Vinte e cinco homens trabalhavam no túnel principal da estação, e a maior parte correu e saiu pelo poço quando ouviu o estalo. O terreno começou a ruir e o deslocamento de ar jogou os outros operários para o túnel dos trens. Eles, então, saíram por um poço lateral. De acordo com o consórcio, não houve nenhum sinal de que o terreno viria abaixo – nem no dia do acidente, nem na véspera. A obra não estava em alerta.

Para conter a movimentação normal de terra, os engenheiros afirmam que tomaram uma providência de rotina: reforçaram as paredes do túnel com pinos. A decisão teria sido tomada pelas construtoras, sem a participação do Metrô. O consórcio diz que só mostra as medições sobre a movimentação do terreno com autorização do Metrô, que não respondeu ao pedido.

O consórcio assume a responsabilidade pela segurança da obra. Diz que ela era mapeada a cada 80 centímetros e que era vistoriada pelo Metrô e por seguradoras internacionais. Por isso, os engenheiros rebatem a especulação de que teriam usado menos concreto do que o ideal para economizar material e aumentar o lucro. Mas admitem que a vizinhança da obra não foi treinada para abandonar a área em emergências.

Assim que terminarem as buscas por vítimas, a Promotoria quer que a área do desmoronamento seja preservada, para não comprometer a perícia e facilitar a investigação.

- É evidente que houve negligência ou imperícia. É evidente que ocorreu, na verdade, uma falha – ou de projeto ou uma falha de execução de projeto - afirma José Carlos Blat, promotor de Justiça.

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