O publicitário Duda Mendonça disse nesta quinta-feira, durante depoimento à CPI dos Correios, que sabia que o dinheiro que as suas empresas estavam recebendo do empresário Marcos Valério era proveniente de caixa 2.
- Sabíamos que o dinheiro era de caixa 2, mas não tínhamos outra opção. Ou pegávamos ou não recebíamos - explicou Duda ao deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI. De acordo com ele, Delúbio Soares, atualmente tesoureiro licenciado do PT, disse que não poderiam ser emitidas faturas e, assim, os valores não entraram na contabilidade de suas empresas.
Zilmar Fernandes da Silveira, sócia de Duda que recebeu cerca de R$ 15 milhões de Valério, esclareceu como os pagamentos foram feitos. Segundo ela, a primeira parcela da débito do PT foi pago em uma agência do Banco Rural, na Avenida Paulista em São Paulo:
- Em 2002, terminou a campanha eleitoral e ficamos com um grande débito com o PT nacional. Eu cobrava insistentemente o Delúbio. Num determinado momento, no fim do ano ou no início de 2003, o Delúbio disse que estava tentando resolver, que tinha um amigo que estava ajudando com alguns empréstimos. Então ele me deu o telefone do Marcos Valério e combinamos onde seria feita a primeira parte. O primeiro pagamento, de R$ 900 mil em dinheiro, foi feito em fevereiro.
- Um funcionário (do Banco Rural) me levou para uma sala e me trouxe um pacote de dinheiro - disse a sócia de Duda. - Anteriormente os pagamentos eram em cheque. Eu me assustei. Pensei que fosse receber um cheque administrativo. Respirei fundo e pensei duas vezes. Fiquei preocupada com a segurança de sair. Quando cheguei, falei com o Duda e ele me disse que tínhamos que resolver o problema - emendou.
A depoente contou que depois disso, Valério afirmou que estava difícil fazer os pagamentos e que ela e Duda deveriam abrir uma empresa no exterior para receber a outra parte do débito. Foi aberta então uma conta no Bank Boston em Bahamas que, segundo Zilmar, recebeu cerca de R$ 10,5 milhões do "emissário" do PT, como ela tratou Valério. Duda declarou que a empresa, chamada Dusseldorf, "veio pronta" do banco.
Zilmar completou dizendo ter recebido, posteriormente, "valores picados" de Delúbio e mais duas parcelas de R$ 250 mil no Banco Rural, em abril de 2003.
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