Gleisi quer presidir a "poderosa" CAE
O início da nova legislatura vai provocar, além de mudanças na Mesa Diretora, uma série de disputas internas pelos principais cargos do Senado Federal, em comissões permanentes e lideranças partidárias. Ex-ministra da Casa Civil, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) planeja assumir a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), a segunda mais importante do Senado, atrás da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). É a CAE que avalia, entre outras coisas, solicitações de empréstimos internacionais por estados e municípios, que dependem de aval do governo federal.
Na legislatura passada, a comissão aprovou quatro empréstimos negociados pelo governo do Paraná. Somados, os contratos com o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento chegam a US$ 485,7 milhões (R$ 1,25 bilhão). Um quinto empréstimo, no valor de US$ 557 milhões (cerca de R$ 1,43 bilhão), do Credit Suisse, ainda está em análise na Secretaria do Tesouro Nacional e, se aprovado, seguirá para o Senado. O recurso será destinado à reestruturação de uma dívida do estado com a Copel.
Durante a campanha pelo governo do estado, o governador Beto Richa (PSDB) acusou o governo de protelar a aprovação dos empréstimos para favorecer a candidatura de Gleisi. Enquanto exerceu o mandato de senadora, a petista votou favoravelmente a todos os empréstimos para o Paraná que apreciou, tanto com membro da CAE quanto no plenário do Senado.
Líder do PSDB até 2013, Alvaro foi sondado para voltar ao cargo pelo colega Aécio Neves (PSDB-MG). O posto, no entanto, deve acabar sendo ocupado pelo próprio Aécio ou pelo atual líder, Aloysio Nunes, que foi vice de Aécio na campanha para presidente da República do ano passado. A tendência é que o paranaense assuma a liderança da oposição.
Terceiro senador do Paraná, Roberto Requião (PMDB) foi presidente da Comissão de Educação na legislatura passada e ocupou a presidência da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul. A nova distribuição dos cargos entre os peemedebistas será feita no próximo sábado, sem previsão do que ficará com Requião.
Poderes
Atribuições do presidente do Senado:
Pauta
Controla a pauta de votações e o andamento das sessões.
Gestão
Tem a palavra final na gestão da Casa, que tem orçamento de R$ 4,4 bilhões em 2015.
Sucessão
É o quarto na linha sucessória da Presidência da República.
Congresso
Acumula o cargo de presidente do Congresso, a reunião dos 513 deputados e 81 senadores. É quem comanda a votação do Orçamento da União.
Funcionários
Pode nomear até 177 funcionários não concursados. com salários entre R$ 2 mil e R$ 19,1 mil.
Regalias
Tem direito a morar em residência oficial à beira do Lago Paranoá, com serviçais à disposição, carro oficial e locomoção com jato da Força Aérea Brasileira.
Favorito na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) chega à eleição de domingo após dois meses de campanha em que visitou as 27 unidades da federação. No outro lado do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL) ruma à terceira reeleição para o comando do Senado sem sequer ter formalizado a candidatura. Há conexão entre os dois cenários: o calor da briga pela Câmara, que caminha para uma dura derrota do governo Dilma Rousseff, esfriou o confronto no Senado.
"É estratégia do Renan não se expor e deixar o tempo passar. Todos sabem o quanto a candidatura dele é vulnerável", diz o senador paranaense Alvaro Dias (PSDB). O alagoano é um dos 28 parlamentares citados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa na delação premiada à Polícia Federal (PF), dentro da Operação Lava Jato, que investiga corrupção e desvio de recursos na estatal.
Além disso, a biografia de Renan guarda uma das maiores reviravoltas políticas do Congresso. Ex-ministro da Justiça na gestão Fernando Henrique Cardoso, Renan foi eleito presidente do Senado pela primeira vez em 2005, no final do primeiro mandato de Lula. Em 2007, graças ao entrosamento com os petistas, conquistou uma reeleição tranquila. Até que, meses depois, foi pivô de um furacão de denúncias que envolviam uma filha fora do casamento com a jornalista Mônica Veloso.
Renan não conseguiu comprovar de onde vinham os recursos para pagar a pensão da menina (cujos valores eram entregues pelo lobista de uma construtora). Apesar disso, o senador escapou duas vezes da cassação em plenário. Renunciou ao cargo para encerrar a polêmica. Recomeçou por baixo e, em 2013, novamente com o apoio do PT, voltou à presidência do Senado.
Regra
"O que o PT faz é seguir a regra: aceita a indicação do partido com a maior bancada", diz a senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT). "E não vemos problemas com a indicação do Renan."
Não foi sempre assim: em 2009, o partido lançou Tião Viana (AC) para tentar derrubar José Sarney (PMDB-AP) e, mesmo com uma inusitada aliança com os tucanos, não conseguiu.
Na ocasião, Alvaro chegou a mostrar o voto antes de colocá-lo na urna para mostrar que cumpriu o acordo. Há dois anos, o PSDB fez parte de um esforço conjunto com PSB, DEM e PSol para fortalecer Pedro Taques (PDT-MS) contra Renan o que também acabou não dando certo.
O peemedebista teve 56 votos contra 18 de Taques, que somou quatro votos a menos que o número previsto pela oposição (houve ainda dois votos em branco, dois nulos e três ausências).
Dissidentes do PMDB lançam candidatura de catarinense
Estadão Conteúdo
Dissidentes do PMDB lançaram ontem o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) como candidato à presidência do Senado. Segundo o próprio Luiz Henrique, a "decisão é irreversível", mesmo que para isso ele tenha que disputar contra o atual presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) candidato que conta com o apoio do Planalto.
Logo após o anúncio da candidatura de Luiz Henrique, os líderes das bancadas do PSDB e do DEM no Senado, Aloysio Nunes (SP) e José Agripino Maia (RN), respectivamente, afirmaram que vão apoiá-lo na eleição marcada para o próximo domingo.
Com a candidatura do catarinense, o senador "independente" Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), que havia manifestado interesse de concorrer à presidência da Casa, pode desistir da disputa. Os seis senadores do PSB iriam se reunir ontem à noite para discutir o assunto.
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