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Não foi só a ex-apresentadora de TV Doris Giesse que sobreviveu à queda da janela de seu apartamento no 8º andar de um edifício em São Paulo. Tigrinho, um gato de 8 meses, responsável pelo acidente, caiu junto com Doris e também sobreviveu.

As chances de Tigrinho sobreviver, no entanto, eram maiores do que as de Doris, sua dona. Isso porque os gatos têm um mecanismo que os protege em grandes quedas. Quanto mais alto for o tombo, maiores as chances que um gato tem de sair ileso, afirma Archivaldo Reche, médico veterinário e professor da Universidade de São Paulo (USP).

"Isso é verdade. Quanto maior a altura que o gato cair, maior será o tempo que ele terá para assumir uma postura correta e diminuir o impacto da queda. Ele aumenta o atrito com o ar para diminuir a velocidade de queda esticando as patinhas", disse Reche.

O veterinário contou ao G1 que, apesar do mecanismo de proteção do gato, o animal sofre lesões e pode até morrer na queda ou depois de socorrido. "Ele funcionaria como um planador. Quando cai de altura superior a 6 ou 7 metros de altura, o gato consegue fazer esse amortecimento. Mesmo assim, ele pode sofrer lesões, como acúmulo de ar na pleura, fraturas de maxilar, da mandíbula e da face."

Reche explica que, quando a altura é menor, o animal pode cair mais rápido e não conseguir se preparar para o impacto. "O gato não tem tempo para reagir. Ele pode cair de lado, o que não é bom, pois aumentam as possibilidades de lesão."

Natureza felina

"Certamente isso é instintivo. O gato é um animal sensível, ágil, flexível e tem uma musculatura extremamente potente, características natas para fugir dos seus predadores. Os nossos gatos domésticos carregam muito das características dos seus ancestrais, dos ascendentes mais selvagens", disse Reche.

As condições para conseguir escapar ileso de uma queda podem estar relacionadas com o recente crescimento da domesticação de gatos. "Tudo isso pode ser inerente à raça. Não sei quando isso surgiu, mas de um tempo para cá é que essa característica foi descoberta. Foi algo paralelo ao crescimento do número de moradias verticais nas grandes cidades", explicou o professor da USP.

"O gato costuma ficar mais rígido nos primeiros instantes de uma queda e, por isso, tende a se machucar mais se cair de uma altura pequena. Muitas vezes ele acaba morrendo, porque fica com medo, se contrai e o impacto da queda é mais forte", disse a veterinária Carla Berl, do hospital Pet Care, em São Paulo.

Sobrevivência

O estudante Kristofer Willy contou a história da gatinha Tifany, que escapou com apenas um arranhão depois de despencar do 3º andar, mas acabou morrendo ao cair de uma estante de 80 centimetros de altura.

"O primeiro acidente aconteceu em agosto de 2004. Ela caiu em um corredor de ventilação do prédio e tive de serrar uma janela e quebrar dois vidros para resgatá-la. Ela tinha 9 anos."

Do acidente, Tifany saiu com um pequeno corte na região do bigode. "Em agosto do ano passado, ela foi subir em uma estante de 80 centímetros e escorregou. Ela deslocou a bacia, ficou debilitada e morreu", disse Willy.

A estudante Stephanie Tavares, de 19 anos, contou que a sua gata Milly, de 2 anos, sobreviveu à queda do 5º andar do prédio onde mora, em Brasília, mas sofreu fraturas nas patas. "Quando levamos a gatinha para o veterinário, tivemos uma surpresa, pois ela estava grávida de dois filhotinhos e nada aconteceu com eles."

O acidente aconteceu em 2005 e os filhotes de Milly nasceram um mês depois da queda. "A Milly só cuidou dos filhotes por duas semanas. Acho que ela ficou um pouco louca e agressiva. Ela batia em nossa cachorra, a Winne, e no outro gato, o Fofão. Acabamos doando a gata por causa disso", disse Stephanie.

Na internet

Nem todos os gatos têm a mesma sorte. A estudante Marina Molina, de 19 anos, conta a história trágica do gato Nick, que morreu em uma queda do 13º andar, no dia 26 de abril de 2006. "O Nick era um gato bem quieto. Apesar de algumas vezes ficar do lado de fora da grade da janela, nunca pensamos que ele poderia cair.

O acidente aconteceu quando ninguém da família de Marina estava por perto. "O porteiro ligou perguntando como era meu gato. Eu falei como Nick era e o porteiro contou que ele tinha caído e estava sobre uma árvore. Ele morreu na hora", disse.

"Hoje tenho duas gatinhas, mas agora coloquei tela nas janelas. Não dá pra confiar na janela aberta. Por isso fiz uma comunidade no site de relacionamentos Orkut chamada 'meu gato já caiu do prédio'. Espero que minha história salve muitos gatos por aí", disse Marina.

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