Habituado à literatura, o presidente Michel Temer deixou os livros de lado por um tempo, por recomendação da mulher, Marcela, para assistir à série de TV americana Designated survivor (disponível na Netflix). Nada de surpreendente, não fosse o fato de realidade e ficção se encontrarem: assim como Temer, o protagonista da história, o secretário da Habitação demissionário Tom Kirkman, se torna presidente, dos Estados Unidos, para exercer um mandato-tampão.
Temer viu os dez episódios disponíveis da série, protagonizada por Kiefer Sutherland, e contou a auxiliares ter virado fã.
As formas como Temer e Tom Kirkman chegam ao poder são diferentes: enquanto o presidente brasileiro foi beneficiado pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, o personagem da série assumiu a Casa Branca após a morte do presidente e de todos os que estavam na linha de sucessão, em um atentado a bomba no Capitólio.
O ponto central do roteiro é a gestão de Kirkman, o “sobrevivente designado”, no comando da maior economia do mundo. Nos Estados Unidos, existe essa figura de um integrante do gabinete presidencial que deve ficar em local afastado quando presidente,vice e demais integrantes da linha sucessória estiverem no mesmo lugar. O objetivo é que ele assuma a presidência, garantindo a continuidade do governo, caso haja uma catástrofe.
Se Designated survivor virou a série preferida de Temer, no governo Dilma Rousseff duas produções ganharam a atenção dos políticos: House of cards, na qual o vilão Frank Underwood faz de tudo para virar presidente dos Estados Unidos, e Downton Abbey, que retrata a história de uma família aristocrata inglesa no início do século 20.
Underwood, interpretado por Kevin Spacey, foi comparado ao deputado cassado Eduardo Cunha, que da Presidência da Câmara foi parar na cadeia, no Paraná. A comparação cruzou o mundo. Jornais europeus e americanos fizeram a relação entre Cunha e Underwood quando o deputado brasileiro acabou preso.
Quanto a Downton Abbey, a série tornou-se o passatempo preferido de Dilma em 2014, em meio à campanha presidencial. Em setembro daquele ano, um mês antes de sua reeleição e no auge dos debates eleitorais, a petista devorou a terceira temporada da série.
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