A saída do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) da corrida presidencial tende a beneficiar o pré-candidato José Serra (PSDB). A análise é do diretor do instituto Datafolha, Mauro Paulino.
O sociólogo pondera que o comportamento do eleitor, a ser medido na próxima pesquisa, em maio, vai depender das atitudes de Ciro no período, principalmente de sua provável declaração de apoio a Serra ou a Dilma Rousseff (PT).
"Há uma predisposição dos eleitores de Ciro de votar em Serra, pela análise dos dados de segundo turno", disse Paulino na sexta-feira à Reuters.
Ele explica que, na pesquisa mais recente, divulgada em 19 de abril, dos eleitores que citaram Ciro no primeiro turno (9 por cento), 57 por cento indicaram Serra no segundo turno e 33 por cento, Dilma.
Paulino rechaça o conceito de que, sem Ciro, nas pesquisas de primeiro turno, seus votos migram para Serra. Ele disse que os votos do deputado se distribuem proporcionalmente entre os demais candidatos, levando em conta ainda que a margem de erro é de dois pontos percentuais.
Sem o deputado, Serra cresce 4 pontos (de 38 para 42 por cento), Dilma aumenta 2 pontos (de 28 para 30 por cento), enquanto Marina Silva (PV) também sobe 2 pontos (de 10 para 12 por cento).
Os opositores devem procurar atrair também os 14 por cento de Ciro na região Nordeste, onde Dilma ganha de Serra.
Segundo o diretor do Datafolha, o eleitor acumula informações e se Ciro oscilar em apoiar Serra ou Dilma, suas opiniões podem ser vistas como contraditórias e devem servir mais para confundir o eleitor. "Não dá para prever", disse.
Na eleição de 2002, quando foi candidato à Presidência, Ciro teve altos e baixos nas pesquisas, relata Paulino, exatamente por suas declarações polêmicas, que impactaram principalmente as mulheres.
Em uma espécie de metralhadora giratória, Ciro teve duas entrevistas divulgadas nesta sexta-feira, ao portal IG e ao SBT, em que se considera ainda na disputa.
Ele elogiou Serra ("é mais preparado, mais legítimo, mais capaz") e também criticou o tucano ("Serra é autoritário solitário, ele trata adversário como inimigo a ser destruído").
Sobre Dilma, disse que vai apoiá-la ("se eu não for candidato, eu vou apoiar a Dilma"), ao mesmo tempo em que disse que ela não tem experiência eleitoral e apontou erros em sua estratégia de campanha.
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