Se você passa mais tempo do que gostaria conectado à internet, se as horas na rede vêm prejudicando suas relações pessoais ou de trabalho, se você não tem controle e perde a noção do tempo quando está conectado, tome cuidado, pois pode estar viciado.
Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, onde o acesso à rede está popularizado há mais tempo, o problema já chama a atenção e vem sendo analisado e tratado por diversas instituições.
No país, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) começou a tratar o vício na internet há cerca de um ano, no ambulatório do Programa de Orientação e Atendimento de Dependentes (Proad) do Departamento de Psiquiatria.
Segundo o psiquiatra Aderbal Vieira Júnior, que coordena o atendimento a dependentes 'comportamentais' do programa, o viciado puro em internet-que não a acessa atrás de pornografia ou jogos-costuma passar horas em rede, trocando mensagens e atualizando seu perfil em sites de relacionamento. Muitos desses dependentes chegam a passar mais de 12 horas conectados.
Vieira explica, porém, que não é a quantidade de horas em rede que indica se a pessoa é viciada ou não, mas se isso prejudica a vida dela.
- O problema é o descontrole - diz.
Segundo ele, para detectar o vício, o internauta deve ficar atento à sensação de que passa mais horas do que gostaria em rede. Outro sinal são os "prejuízos concretos", como perda de compromissos, diminuição nas relações humanas e queda no desempenho no trabalho, além de diminuição de horas dormidas.
Vieira disse que a maioria dos dependentes são adolescentes que, mesmo se dando conta do problema, não têm autonomia para procurar ajuda. Atualmente, o Proad atende duas pessoas com esse tipo de dependência.
Segundo o psiquiatra, os pacientes fazem psicoterapia em grupo com até oito pessoas e costumam apresentar melhora depois de três meses. Em casos extremos, cerca de 15% do total, é receitado antidepressivos.
Os medicamentos fazem com que os viciados parem de acessar a internet logo que começam a ser tratados. Mas Vieira esclarece:
- O objetivo do tratamento não é fazer o viciado parar de usar a internet. Mas dar a ele a liberdade de escolha.
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