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Um mês após os ataques de terror impostos à população, uma força-tarefa trabalha em São Paulo para preparar o DNA do crime. O banco de dados reúne dados pessoais, fotografias, delitos cometidos, situação penal e até mesmo o apelido de todos os integrantes do crime organizado no estado.

O cadastro, já com mais de mil nomes, deve ajudar a polícia paulista a responsabilizar judicialmente os líderes da facção por cada uma das 44 mortes ocorridas durante a semana dos atentados, entre os dias 12 e 20 de maio. Todos os líderes deverão ser denunciados pelos promotores do Grupo de Atuação Especial Regional para a Prevenção ao Crime (Gaerco), que compõe a força-tarefa ao lado das polícias militar e civil, da Polícia Federal e das secretarias de Segurança Pública e Administração Penitenciária do estado.

Os atentados se transformaram em marco para a segurança pública no estado e, em 30 dias, os serviços de inteligência conseguiram quintuplicar o número de informações catalogadas sobre a atuação do crime em São Paulo. O Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes - mais conhecida como a penitenciária de segurança máxima - está com capacidade lotada, com 161 líderes do crime em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

Os 765 'pilotos' do crime organizado nas penitenciárias foram reunidos num único presídio, a P2 de Presidente Bernardes. Na avaliação do Ministério Público, a mudança, que desencadeou os atentados que resultaram em pelo menos 132 mortes, os líderes se desarticularam e a greve de detentos, que se recusaram a ir a audiências judiciais durante esta semana, é um teste para o próprio poder de organização da quadrilha.

Por abrigar os principais criminosos do estado, o oeste paulista se transformou em área prioritária de investigação da força-tarefa. Estão lá nada menos do que 33 dos 144 presídios paulistas.

De acordo com as investigações do Ministério Público, o dinheiro em poder da facção criminosa em São paulo aumentou nos últimos quatro anos por conta da queda no consumo de cocaína na Europa, onde os usuários aderiram a drogas sintéticas, como o ecstasy. Com o mercado europeu reduzido, os traficantes da América Latina investiram para ganhar mercado e distribuir o produto no maior mercado consumidor da região, o Brasil. Além do tráfico de drogas - o de armas é uma conseqüência para aparelhamento das quadrilhas - o crime organizado em São Paulo tem conseguido aumentar seu faturamento com assaltos a joalherias, condomínios e bancos. Os seqüestros continuam, mas já não são o principal tipo de ação.

O Ministério Público começa também a municiar de informações a CPI do Tráfico de Armas, considerada importante para encaminhar no Congresso Nacional mudanças no controle da criminalidade do país.

- O país precisa investir em leis que garantam mais o direito comum do que o direito individual dos cidadãos, sem abrir mão dos direitos humanos - diz um representante do MP envolvido na força-tarefa.

Segundo especialistas, um exemplo recente foi o plebiscito que votou pela manutenção de venda de arma no país. Sob o argumento de que a mudança retiraria de cada um o direito de andar armado, o Brasil deixou de tomar uma medida que, para muitos, seria um caminho para reduzir a criminalidade.

- Não se pode perder a oportunidade de abrir os olhos - afirma um dos integrantes da força-tarefa.

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