| Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

Ato convocado pela Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo reuniu milhares de pessoas neste domingo (11), em São Paulo. O protesto começou em frente ao vão do Masp, na Avenida Paulista, e terminou no Monumento às Bandeiras, no Parque do Ibirapuera, por volta das 20 horas. Não foram registrados grandes incidentes. Manifestantes, partidos e organizações estudantis começaram a se concentrar durante a tarde, pedindo a saída de Michel Temer da Presidência e eleições diretas.

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A Polícia Militar (PM) ainda não estimou o público presente ao ato. Os organizadores falam em 50 mil pessoas, menor do que a estimativa deles para a manifestação da semana passada, que teria reunido quase 100 mil pessoas.

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A manifestação transcorreu de forma pacífica e contou com um carro de som e batucadas. “Desde dia 29, não param os protestos. E agora, conseguimos uma coisa diferente: a presença tanto de movimentos sociais quanto da sociedade. Tem famílias, jovens, idosos, todos pedindo o ‘Fora Temer’“, afirma Raimundo Bomfim, coordenador da Central de Movimentos Populares - que integra a Frente Brasil Popular.

O protesto começou por volta das 14 horas, com a presença de bandeiras de movimentos sociais e organizações, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Quando gritavam, alguns transeuntes e ciclistas acompanhavam, espontaneamente, o coro do “Fora Temer”.

Figuras políticas como a candidata à prefeitura de São Paulo pelo PSol, a deputada Luíza Erundina, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, o ex-senador Eduardo Suplicy (PT) e o prefeito e candidato à reeleição Fernando Haddad (PT) também passaram pela concentração. Segundo Erundina, é impossível desassociar a eleição municipal da pauta nacional. “(O impeachment) é a coisa principal da nossa luta. Nesta campanha não dá para separar as duas coisas, não dá para sair da rua enquanto não derrubado o último golpista. É em São Paulo que a gente vai fortalecer esta resistência”, disse.

Prisão de estudantes foi única confusão noticiada

Na única confusão noticiada até o fim “oficial” do protesto, um grupo de jovens foi preso pela Polícia Miliar. Inicialmente as informações davam conta de que seriam quatro estudantes, mas um deles foi liberado e acabou não sendo levado para o 78º DP (Jardins) com os outros três, sendo duas mulheres e um homem. Na mochila de um deles os policiais encontraram um soco inglês e uma faca de cozinha.

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No encerramento do ato, Guilherme Boulos, representante do MTST, acusou a PM de repressão na prisão dos três manifestantes ainda na concentração, na Avenida paulista. “Se acreditam que vão nos intimidar, que vão nos deter, com esse tipo de provocação, estão muito enganados”. Ele convocou os manifestantes para um novo protesto no próximo domingo, novamente na Paulista.

Durante a marcha, os manifestantes encontram um cordão de isolamento da Polícia Militar no fim da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, na esquina com a Rua Jundiaí. Boulos e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) negociaram a passagem do ato e a PM acabou liberando o caminho.

Manifestantes diversificados

Tarso Loreiro foi em todas as últimas manifestações e trouxe a família para o protesto deste domingo. Para “distrair” os quatro filhos, fez um boliche improvisado, em que os pinos levavam nomes do senador Aécio Neves (PSDB), do ministro de Relações Exteriores, José Serra, de Temer, da TV Globo e da revista Veja.

Professor de geografia no ensino médio em uma escola privada, ele disse que, cada vez mais, tem visto alunos seus nos protestos. “Tento nem falar em sala de aula sobre essas coisas para não ficar muito panfletário. Mas percebi que alunos que não vieram para defender Dilma do impeachment estão vindo no ‘Fora Temer’ lutar contra os retrocessos deste governo”, observou.

Figura conhecida pelos partidários do ‘Fora Temer’, o rapper Jonatha, que trabalha aos domingos na Avenida Paulista, faz rimas de conscientização política e recebe o apoio de quem passa em frente à sua caixa de som. “O presidente é só um bode expiatório. Safado mesmo é o Congresso, são os deputados”, reflete o músico. Vindo do bairro do Imirim, na zona norte de São Paulo, Jonatha trabalha na rua há dois anos, desde que perdeu o emprego, e faz questão de manter o teor político da sua música. “O rap é conscientização, não é apologia”, analisa.

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