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Depois da paralisação causada pelo pânico da população e por boatos, São Paulo tenta voltar a funcionar normalmente nesta terça-feira. Os ônibus circulam, assim como metrô e trens. Todos os 24 terminais de ônibus da cidade estão abertos, com segurança policial.

Mesmo assim, ainda há medo entre os paulistanos e tiros voltaram a ser ouvidos na madrugada, trocados entre policiais e bandidos. O crime organizado voltou a atacar na Grande São Paulo, mas em atos isolados.

Entre a noite de segunda e a madrugada desta terça, 19 suspeitos foram mortos em confronto com a polícia . Destes, 14 teriam ligações com o crime organizado e com os ataques de terror impostos à cidade de São Paulo durante três dias. No total, 52 criminosos foram mortos. Outros 98 foram presos, sete deles nesta madrugada.

O número de policiais militares e civis mortos durante os ataques chega a 43, mas nesta madrugada nenhum servidor público foi assassinado.

Desde 5h da madrugada, um grande número de ônibus já circulava nos principais corredores. Houve atrasos na saída de ônibus de algumas garagens. Mesmo assim, os passageiros são transportados normalmente e não há superlotação.

A SPTrans informa que todos os ônibus deverão operar normalmente. Nesta segunda-feira, a Polícia Militar chegou a informar que só circularia metade da frota, e com escolta.

Nesta segunda-feira, 56 ônibus foram incendiados pelo crime organizado apenas na cidade de São Paulo. Em todo o estado, 85 ônibus foram alvo de atentado.

Apesar da normalidade no transporte coletivo, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) manteve a suspensão do rodízio de veículos, que volta a vigorar nesta quarta-feira.

Noite e madrugada

São Paulo ficou vazia na madrugada. Muitos serviços que operam 24 horas fecharam. Por volta das 22h, poucos carros circulavam nas principais avenidas. Cinemas, shoppings e até supermercados que funcionam a noite toda decidiram baixar as portas.

Universidades e escolas não tiveram aula no período noturno e os alunos da tarde foram dispensados a partir das 16h.

Boatos

São Paulo parou de medo dos atentados, embalada numa onda de boatos incontrolável - de atentados em aeroportos e repartições públicas até fechamento das estações do metrô.

E o medo não foi totalmente infundado. Em seu balanço das 20h, a polícia contabilizava 184 ataques (eram 115 até meia-noite de domingo) e 81 mortos. Os feridos somam 49 .

Sem celular

Os paulistanos ficaram a pé, em pânico e sem celular. As linhas congestionaram. Houve boato até de toque de recolher na cidade, que a Secretaria de Segurança Pública negou. Na zona norte, um homem foi preso mandando o comércio fechar as portas.

O diretor do Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt, reafirmou que não houve toque de recolher algum.

- Em São Paulo não há toque de recolher. O que existe é toque de Polícia na rua. A Polícia está na rua e nós vamos segurar tudo - afirmou Bittencourt.

Na hora do almoço, Bittencourt assegurou que a polícia tinha o controle da situação. Logo depois, lojas, shoppings, universidades, escolas públicas e fechadas começaram a fechar.

Grupo de elite

A polícia anunciou a criação de um grupo de elite, em conjunto com o Ministério Público, para rastrear os ataques. A Rota saiu às ruas nesta madrugada, com 141 viaturas de patrulhamento. Houve confrontos com bandidos.

Segundo a PM, até segunda-feira 91 pessoas foram presas e 39 bandidos foram mortos em confronto com policiais.

Além dos ataques à ônibus, os bancos também foram alvos de ataques. Foram pelo menos nove agências atacadas por bandos armados.

Presídios

Nos presídios, a situação foi controlada. A Secretaria de Administração Penitenciária informa que acabaram as rebeliões em todos os presídios. Restaram motins apenas em duas cadeias públicas, de Serra Negra e Cruzeiro.

O governador de São Paulo, Claudio Lembo, voltou a recusar a presença de tropas federais no estado. Ele negou também que tenha sido feito um acordo com o crime organizado para por fim à rebelião nos presídios e aos ataques nas ruas da capital paulista e de cidades do interior.

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