O ex-senador e ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) acusou neste domingo (8) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de agir por vingança ao colocar o nome de sua filha e ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) na lista dos políticos que serão investigados por suspeita de envolvimento no esquema de pagamento de propina revelado pela Operação Lava Jato.
Em coluna assinada no jornal “O Estado do Maranhão”, controlado pela família, Sarney disse que o motivo da inclusão do nome da filha é a atribuição a ele sobre a recusa, pelo Senado, da indicação do “cérebro e braço direito” de Janot, o promotor Nicolao Dino, para o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Sarney negou ligação com o fato.
“É justo o nosso direito de revolta pela injustiça”, diz o ex-presidente, em seu texto. Na sequência, cita a filha Roseana, “que está amargando o fel da vingança, uma mistura de ódio e política”.
Roseana será investigada porque o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse ter repassado R$ 2 milhões em 2010 e R$ 1 milhão em 2008 à ex-governadora do Maranhão. Segundo Costa, os dois pagamentos ilícitos foram solicitados pelo ex-ministro das Minas e Energia do governo de Dilma Rousseff Edison Lobão.
“Ela nunca foi à Petrobras, nunca teve nenhuma relação com o senhor Paulo Roberto, nunca teve nenhum pleito na Petrobras por firmas ou pessoas”, afirmou Sarney. “Da Petrobras, só pediu, não pedindo, mas - como dizia o padre Vieira - exigindo e protestando, a refinaria de Bacabeira a que o Maranhão tem direito”.
O ex-presidente criticou ainda a justificativa do procurador da República de que, apesar das divergências entre as versões de Costa e do doleiro Alberto Youssef, delator do esquema, o Ministério Público Federal considerou que havia elementos suficientes para a abertura do inquérito contra Roseana.
“Quais esses elementos? Não disse nem tem. Evidentemente, o dr. Janot fez uma escolha e usou a instituição Ministério Público para sua atuação, nessa escolha de a quem denuncia ou não, atarefado com sua própria eleição nestes dias”, diz a coluna.
O peemedebista afirmou ainda que não foi a primeira vez que o procurador da República agiu com vingança em “solidariedade” ao colega. Ele citou o pedido de intervenção federal no Maranhão feito por Janot no ano passado e a “perseguição” a Roseana no episódio de Pedrinhas, quando presos foram decapitados em presídio do Estado.
Procurado, Janot não foi localizado neste domingo para comentar a declaração de Sarney. Por meio de sua assessoria, Roseana informou que ficou “completamente perplexa”, sentiu-se “injustiçada” e reiterou não ter relação com Paulo Roberto Costa nem com os fatos investigados na Operação Lava Jato.
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