O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está disposto a se afastar do cargo, mas espera pelo retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do exterior para avaliar cenários e tomar uma decisão.
Segundo uma fonte ouvida pela Reuters que esteve com Sarney na manhã desta quarta-feira (1º), o senador está menos abatido do que estava na véspera. Ele e seus aliados imediatos estão contabilizando os ganhos e perdas de uma licença ou até de uma renúncia. A dificuldade para o governo é justamente esta.
Se se afastar, a oposição ocupa a cadeira da presidência na figura do tucano Marconi Perillo (GO), primeiro vice. Se renunciar à presidência, novas eleições vão ser convocadas e há sérias dúvidas se o governo conseguirá eleger um novo nome de sua base.
Há previsões de que, neste cenário, a cúpula do PMDB não ajudaria o presidente Lula nesta missão. No Senado, o governo tem apenas uma estreita maioria.
O presidente volta de sua viagem à Líbia, onde participa de Assembléia da União Africana, na noite desta quarta-feira, reunindo-se com Sarney provavelmente na manhã de quinta (2).
Na terça-feira, Sarney viu seu apoio político ser fortemente abalado depois que o Democratas --que o sustentou para presidente--, o PSDB e o PDT cobraram sua licença do cargo até o final das investigações sobre o escândalo dos atos secretos e sobre o suposto beneficiamento irregular de familiares por parte do presidente da Casa. As três legendas somam 32 dos 81 senadores.
A ministra-chefe da Casa, Dilma Rousseff, conversou com Sarney na terça-feira (30) pedindo que ele não tomasse uma decisão antes do retorno do presidente Lula.
Nesta manhã, Sarney se reuniu com integrantes do PT, PMDB e PTB em sua residência pessoal para analisar a situação. A bancada do PT, que está dividida em relação ao apoio a ele, se reúne nesta tarde para definir que posição vai tomar no caso. A bancada do PMDB divulgou nota na terça reiterando adesão a Sarney.
Após o encontro desta manhã, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), disse que seu pai está sendo tratado como bode expiatório na crise do Senado pois os problemas de administração da Casa são de responsabilidade coletiva dos senadores.
"Eu acho que ele vai tomar a decisão correta que ele achar que é a melhor para o Brasil", disse Roseana a jornalistas.
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