Brasília - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse sexta-feira que vai instalar a CPI mista (com deputados e senadores) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Congresso caso a oposição formalize o pedido de criação da comissão na semana que vem. Sarney prometeu ler o requerimento que cria a CPI em sessão da Casa depois que o pedido for protocolado na Mesa Diretora do Legislativo.
"A minha função como presidente não é fazer juízo de valor sobre comissões de inquérito, mas uma vez que cumpram formalidade legal com número apresentado em plenário e instituir a comissão. Isso eu farei", afirmou.
Para que a CPI seja instalada, a oposição precisa protocolar o pedido de sua criação na Mesa Diretora do Congresso com as assinaturas de, pelo menos, 171 deputados e 33 senadores favoráveis à comissão. DEM e PSDB afirmam já ter reunido 172 assinaturas na Câmara e outras 33 no Senado, mas prometem continuar a coleta de assinaturas até a semana que vem quando vão formalizar o pedido de criação da CPI.
Sessão
Depois de apresentado, o pedido precisa ser lido em sessão do Congresso, presidida por Sarney. "Na primeira reunião do Congresso, nós faremos a leitura, não tenho dúvidas", disse o presidente do Senado.
Na opinião de Sarney, a invasão de uma fazenda produtora de laranjas no interior de São Paulo esta semana por integrantes do MST ajudou a oposição na coleta de assinaturas.
"A invasão de São Paulo foi lamentável e, naturalmente, a força desse fato deve influenciar um pouco a motivação dos parlamentares de quererem uma comissão de inquérito", afirmou.
A oposição ainda não decidiu se vai protocolar o pedido de criação da CPI na próxima terça-feira. Nos bastidores, deputados oposicionistas temem a retirada de assinaturas do pedido, o que inviabiliza a comissão a exemplo do que ocorreu na semana passada, quando o primeiro pedido de criação da CPI do MST naufragou depois da debandada de deputados da base aliada.
Os líderes oposicionistas afirmam que, desta vez, a coleta de assinaturas foi "seletiva", informando a todos os parlamentares que eles seriam pressionados a retirar assinaturas.
"Dessa vez, nós fizemos coleta individual, conversamos e não procuramos quem retirou as assinaturas anteriores. Esses nós fizemos questão de esquecer. O episódio em São Paulo nos ajudou bastante. Fomos surpreendidos com deputados que nem fazem parte dessa causa", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
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