Reportagem do jornal Folha de S.Paulo divulgada na tarde desta quarta-feira (25) mostra que o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) prometeu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, investigado pela Lava Jato, ajuda para escapar do juiz federal Sergio Moro, responsável pela operação na primeira instância judicial.
A reportagem está baseada em áudios das conversas gravados por Machado. O ex-presidente da Transpetro demonstra interesse que seu caso fosse conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não por Moro.
Em uma das conversas, gravadas em março, Sarney diz estar preocupado com uma possível delação de Machado – a colaboração premiada do ex-presidente da Transpetro (subsidiária da Petrobras foi homologada nesta semana pelo ministro do STF Teori Zavascki).
“Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está o teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada”, disse Sarney, segundo a Folha. Machado respondeu que haveria interesse, provavelmente da Procuradoria-Geral da República (PGR), por uma delação.
Sarney explicou então o que pensava: “Mas nós temos é que conseguir isso [o pleito de Machado]. Sem meter advogado no meio”. Machado concordou e disse que a solução teria de ser “política” , segundo a reportagem – que informa que a estratégia estabelecida por Sarney não fica inteiramente clara ao longo dos diálogos
Nos diálogos, os dois também falam em agendar uma reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o senador Romero Jucá (PMDB-RR) – ambos também tiveram conversas gravadas por Machado. Sarney disse então que não achava conveniente uma reunião com muita gente, citando frase do ex-senador Amaral Peixoto (1905-1989): “Duas pessoas pessoas já é reunião. Três é comício”.
Outro lado
Em nota enviada à Folha, o ex-presidente José Sarney afirmou que não teve tempo nem conhecimento do teor das gravações para responder às perguntas pontuais feitas pelo jornal. Informou, porém, que conhece Machado “há muitos anos” e que foram “colegas no Senado Federal” – Machado foi senador.
“Tivemos uma relação de amizade, que continuou depois que deixei o Parlamento”, disse Sarney. Ele ainda acrescentou: “As conversas que tive com ele nos últimos tempos foram sempre marcadas, de minha parte, pelo sentimento de solidariedade, característica de minha personalidade. Nesse sentido, expressei sempre minha solidariedade na esperança de superar as acusações que enfrentava. Lamento que conversas privadas tornem-se públicas, pois podem ferir outras pessoas que nunca desejaríamos alcançar”.
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