Na segunda metade do século 19, as sonecas de dom Pedro II nas audiências imperiais eram o combustível da obra de um dos primeiros cartunistas a atuar no Brasil, o italiano Angelo Agostini. Com a evolução da imprensa livre, nascia o humor na política brasileira. "Estamos falando de algo que é sempre muito saudável em uma democracia", afirma o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).Segundo ele, as piadas sobre políticos sempre foram marcantes nos períodos em que havia mais liberdade de expressão. "Se dom Pedro II era tolerante com os humoristas, o pai dele (dom Pedro I) era homem de mandar matar os mais engraçadinhos." Outro período fértil para a graça ocorreu nas duas décadas anteriores à ditadura militar, entre 1946 e 1964. A partir dos anos 1940, a dupla caipira Alvarenga e Ranchinho ganhou fama com uma série de paródias sobre Getúlio Vargas. Em uma das várias vezes em que foram presos, acabaram levados ao presidente pelas mãos da filha dele, Alzira Vargas. Getúlio, porém, não achou nada de errado com a canção História de um Soldado (mais uma sátira ao getulismo) e os dois nunca mais foram incomodados.O humor resistiu aos anos de ditadura com o semanário O Pasquim. Após a redemocratização, em 1985, três egressos da publicação, Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva fundaram o Planeta Diário, semente do Casseta & Planeta. Antes deles, porém, Chico Anysio criou o personagem Justo Veríssimo, um deputado que resumia o estereótipo da corrupção em um só bordão "quero que o pobre se exploda!"
A novela O Bem Amado, exibida em 1973, também imortalizou outra figura do humor político. O prefeito do município de Sucupira, Odorico Paraguaçu, ficou na memória de milhões de brasileiros como símbolo do coronelismo. Na trama, não media esforços para "estrear" o cemitério da cidade, ícone da gestão Paraguaçu. A história inspirou um filme, no qual Marco Nanini atua como Odorico, e que deve estrear nos cinemas em dezembro.
Durante a campanha presidencial de 1989, outro programa ditou o tom do humor político nacional. Agildo Ribeiro usou os bonequinhos do Cabaré do Barata, exibido pela Rede Record, para ironizar todos os candidatos a presidente. Nos anos 1990, foi a vez dos "cassetas", com as impagáveis caricaturas dos presidentes Itamar Franco, o "Devagar Franco", e Fernando Henrique Cardoso, "Viajando Henrique Cardoso".
Para o professor Villa, os programas atuais, como o Pânico e o CQC, são mais uma mania, uma espécie de modernização do humor político. Como os personagens do passado, entretanto, ele estipula que a fórmula deve se esgotar em pouco tempo. Ele, no entanto, faz ressalvas ao modelo atual. "Infelizmente, existem os políticos que fazem de tudo para aparecer e não têm noção do limite. Além disso, há o risco de humanizar aqueles que têm histórico de corrupção com piadinhas."
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Projeto que eleva conta de luz em 7,5% avança no Senado e vai para o plenário
Congresso dobra aposta contra o STF e reserva R$ 60 bi para emendas em 2025
Deixe sua opinião