O empresário Salim Schahin, um dos acionistas do Grupo Schahin, declarou à força-tarefa do Ministério Público Federal que o Banco Schahin realizou empréstimo de R$ 12 milhões, em fins de 2004, para o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2010). O empréstimo nunca foi quitado. Segundo Salim, a dívida foi perdoada em 2009.
Na ocasião do empréstimo, Bumlai teria dito a ele que o dinheiro seria destinado a cobrir ‘dívidas do PT’. Questionado pelos investigadores se, em contrapartida, a empreiteira recebeu apoio de Lula para obter contrato sem licitação, em 2007, para operar o navio sonda Vitória 10000 da Petrobras, ao preço de R$ 1,6 bilhão, Salim disse que dentro do grupo havia ‘uma percepção’ de que a partir do apoio de Bumlai haveria indiretamente apoio do então presidente da República. Salim disse, no entanto, que nunca conversou com Lula sobre o negócio.
Salim reiterou que na empresa ‘de maneira indireta’ alguém ouviu que Bumlai teria garantido apoio de Lula na negociação do Vitória 10000. Ele afirmou que nem do próprio Bumlai ouviu algo sobre o suposto incentivo do petista. Ele explicou que o negócio do Vitória 10000 “implicou em muita negociação difícil, muito trabalho, extensa, que se prolongou por anos”.
O acordo de delação do empresário, fechado com o Ministério Público Federal, foi homologado nesta terça-feira, 17, pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato. Salim deverá pagar R$ 1,5 milhão a título de indenização, valor que será repassado à Petrobras.
Salim Schahin cuidava, na época, da parte financeira do grupo, como responsável pelo Banco Schahin. Seu irmão, Milton Schahin, o outro acionista, cuidava da engenharia e era responsável pela construtora.
Os investigadores insistiram sobre a real finalidade do empréstimo para o partido. Segundo Salim, o amigo de Lula lhe disse que era “de interesse do PT”, mas não soube esclarecer mais detalhes. O empresário disse que ninguém nunca falou a ele diretamente sobre o assunto. Ele afirmou que o empréstimo não teve relação com dívidas da campanha de reeleição de Lula, em 2006, porque foi realizado dois anos antes.
A dívida foi rolada até que “houve um entendimento, um arranjo (com Bumlai), já em 2009, uma espécie de perdão”. Em 2011 o Banco Schahin foi vendido para o BMG - o grupo Schahin assumiu a dívida.
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