A postura do militar e deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) de elogiar o torturador confesso Carlos Alberto Brilhante Ustra durante a sessão da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no último domingo (17) repercutiu na Câmara de Curitiba nesta quarta-feira (20).
Os ânimos ganharam mais força nas vozes dos vereadores professora Josete (PT) e professor Galdino (PSDB), que defenderam argumentos opostos para tratar do caso.
Durante o grande expediente, a vereadora criticou o discurso de Bolsonaro. Antes de votar, no domingo, o deputado carioca disse que oferecia seu voto “pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff”.
O ato repercutiu imediatamente, fazendo com que, nesta quarta (20), a OAB do Rio de Janeiro anunciasse que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a cassação do mandato do Bolsonaro.
“A sociedade brasileira deve fazer uma reflexão: se é a favor ou não ao ódio, ao machismo, ao racismo, à intolerância. Se Bolsonaro defendeu um torturador da ditadura ao votar pelo impeachment é porque ele tem sustentação para isto”, declarou a vereadora.
Em seguida, professor Galdino retrucou. “Se Dilma pode enaltecer Fidel Castro, porque Bolsonaro não pode enaltecer o Ustra?”, questionou o vereador.
As declarações, transcritas no Twitter da Câmara, foram feitas na tribuna depois que o o vereador Petruzziello (PTB) condenou como “lamentáveis” tanto a atitude de Bolsonaro como de Jean Willys, que tentou cuspir contra o militar após o voto.
Petruzziello ainda classificou a votação de domingo como “show do horrores”, mas disse que o resultado da sessão “foi positivo”.
Liberdade de expressão
Procurado pela reportagem, professor Galdino justificou o argumento usado nesta manhã. Segundo o vereador, em momento algum ele quis fazer apologia à ideia de Bolsonaro, mas achou correto defender a liberdade de expressão do deputado.
“Sou contra radicalismo ideológico, mas a favor da liberdade de expressão. Existe o MAV [Mobilização de Ambientes Virtuais, criado pelo PT em 2011] do qual fazem parte companheiros stalinistas da vereadora Josete que me atacam. As pessoas têm o direito de se manifestar”.
No entendimento dele, Bolsonaro não cometeu crime ao fazer apologia à ditadura militar porque “na tribuna, o direito do parlamentar é inviolável”. Atualmente, a lei prevê até 4 anos de cadeia para quem faz propaganda de golpe militar.