O prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), ainda não confirma que é candidato à reeleição no ano que vem. Mas também não nega a possibilidade. Enquanto isso, manda até recado para os adversários. "Venci a eleição em 2004 com propostas, e não criticando ninguém. Os ataques não viabilizam candidaturas. A população quer propostas", diz Richa, o entrevistado de hoje da série de reportagens da Gazeta do Povo sobre os pré-candidatos à prefeitura.
Beto Richa garante também que, se for para disputar a reeleição e for reeleito, é para continuar mais quatro anos como prefeito da capital, sem deixar o cargo no meio do segundo mandato para disputar o governo do estado, em 2010. "É evidente que, se eu vier a ser candidato e for reeleito, é para quatro anos."
O prefeito, no entanto, frisa que não decidiu nada ainda e que seria um desrespeito ao curitibano tratar de eleições com pouco mais da metade do primeiro mandato em andamento. "Para eu sair candidato no ano que vem, vai depender dos índices de satisfação da população. Só decidirei em 2008. Não tenho obsessão doentia por cargos."
E, enquanto a campanha eleitoral não chega, o prefeito vai enfrentando outro adversário, o governador Roberto Requião (PMDB); este, declarado. Segundo Richa, um preocupação é o aumento da violência, problema recorrente enfrentado pela cidade, e uma das principais reclamações dos cidadãos. "Mas a segurança está precária em todo o Paraná. Já cobrei investimentos do estado na capital nesse setor. Para isso, inclusive, procurei o governador. Agora, o governo estadual tem de ver suas ações para a área e dar prioridade. Nós, da prefeitura, estamos fazendo nossa parte", defende-se o prefeito. Segundo ele, o efetivo da Guarda Municipal é igual ao da Polícia Militar em Curitiba. "São 1.702 guardas municipais e 1.800 policiais militares na capital."
Richa destaca ainda aquela que é sua "menina dos olhos": a Linha Verde, obra que vai ligar as regiões Sul e Norte da cidade. "Essa é a nossa grande obra. E é um projeto dos nossos técnicos." Ele ainda questiona os que criticam o projeto por ser uma adaptação ao da gestão anterior, de Cássio Taniguchi (DEM). "Foram novas adaptações com ampliações. Um novo projeto. Maior e com economia de R$ 15 milhões."
As críticas à "Linha Verde" não são as únicas que deixam o prefeito irritado. Os possíveis adversários políticos dele em 2008 acusam a atual administração de dar pouca atenção ao povo e de não estar investindo nas regularizações fundiárias. "Temos feito audiências públicas em todos os bairros. Só na Pracinha do Batel, por exemplo, foram cinco." Já quanto à questão habitacional, Richa diz que está trabalhando. Mas admite que o processo é moroso. "Não depende só da prefeitura. Envolve também o Judiciário."
Richa garante ainda que não está preocupado com o que os opositores dizem, até porque o grande adversário dele atualmente é mesmo Requião. E, nessa briga, o prefeito considera ter o apoio dos cidadãos. "A população entendeu essa pendenga com o governador. Os curitibanos sabem que estou lutando pelos interesses da cidade." Quanto a um possível entendimento político com Requião, Richa é categórico: "É algo impossível".
Ainda assim, Richa ainda espera receber do estado os R$ 64 milhões do Fundo de Desenvolvimento Urbano, que foram bloqueados. "Tenho esperanças. Há auxiliares do governador que, veladamente, me dão razão, assim como deputados do PMDB."
Mas além de Requião em seu caminho rumo à reeleição, Richa terá ainda de enfrentar vários aliados, que querem a vaga de Luciano Ducci (PSB) como candidato a vice-prefeito. "O Ducci até hoje não me pediu nada. Nem conversamos sobre isso. E também já falei com o Osmar (Dias) sobre isso. Não há problema algum. O Ducci é um grande companheiro", diz o prefeito, referindo-se ao fato de o PDT do senador pleitear a vice-prefeitura para um pedetista.
Outro problema a ser enfrentado pelo tucano em uma possível campanha de reelaição pode vir a ser o nepotismo, já que ele emprega a esposa, Fernanda Richa (na Fundação de Ação Social), e o irmão, José Richa Filho (secretário municipal de Administração). Quanto a isso, Richa está tranqüilo: "No próprio Ministério Público Estadual (MP), que recomendou as demissões de parentes, não há consenso. A Fernanda e o meu irmão trabalham, são capacitados e não posso prescindir deles. O que não concordo é com o emprego exagerado de parentes."
* * * * *
Amanhã, leia mais uma reportagem da série sobre os pré-candidatos à prefeitura.