O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse na tarde desta segunda-feira (17) que "acredita na isenção do STF" no julgamento do mensalão tucano. Após palestra para empresários em Santo André, na grande São Paulo, o político disse também que "se o STF acha que tem culpa, tem culpa". O ex-presidente fez ainda alusão às críticas feitas pelo PT ao STF depois do julgamento do mensalão.
"Acho que é preciso entender que julgamentos, como o do mensalão, foram feitos objetivamente. Não tem que estar torcendo contra o tribunal e a favor de A, B ou C. Tem que torcer para que ninguém tenha feito nada de errado. Mas se fizeram, têm que pagar", declarou.
O tucano não quis opinar sobre uma possível renúncia do deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro pela Procuradoria da República, pelo desvio de R$ 3,5 milhões de empresas públicas de Minas Gerais. O caso teria acontecido em 1998, quando ele era candidato à reeleição para o governo do Estado. Azeredo sempre negou as acusações.
Questionado sobre o cartel de trens em São Paulo, FHC disse que não viu até agora ligação com políticos do PSDB. "É cartel e corrupção de funcionários", explicou ele, que classificou de "onda" uma possível participação do partido no esquema investigado.
"Sacolejão"
Durante a palestra, na qual debateu o desenvolvimento da região do ABC, o ex-presidente disse que o Brasil precisa de um "sacolejão nacional". "Estamos chegando em um momento em que é preciso dar uma virada no país."
Segundo ele, "se olhar pra frente, falta gás, falta visão parar entender qual é o rumo [do Brasil]". "Está faltando uma visão de quais os desafios para os anos que virão". Para o ex-presidente, "precisa de gente com voz". "Precisamos com gente de visão de Estado, de gente que crie condições de fazer com que as pessoas acreditem de novo."
Ele também criticou a atual administração pública. "A máquina pública está rendendo cada vez menos porque o corporativismo toma conta. Nós geramos um monstro que foi esse sistema, que não dá mais para funcionar."
FHC disse ainda que é preciso mudar o sistema político e disse que o atual número de 30 partidos é um "absurdo". "Não são partidos, são blocos de interesse para pegar um pedaço do Estado", afirmou. O evento reuniu cerca de 200 empresários e foi realizado pelo "Diário do Grande ABC".
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