A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) afirmou em entrevista à Agência Pública divulgada nesta segunda-feira (27) que, se reassumir a Presidência após o julgamento do processo de impeachment pelo Senado, fará um “governo de transição” e que a reforma política seria uma de suas prioridades. A petista também não descarta a possibilidade de convocar um plebiscito para que a população decida se quer antecipar as eleições presidenciais, marcadas para 2018. Sobre seu depoimento à Comissão do Impeachment previsto para o dia 6 de julho, disse ainda avaliar se fará sua defesa pessoalmente: “Sou do tipo de gente que avalia”.
“Eu farei basicamente um governo de transição”, disse Dilma na entrevista. “Porque é um governo que vai ter dois anos, e o que nós temos de garantir neste momento é a qualidade da democracia no Brasil, o que vai ocorrer em 2018. Eu farei isso, sobretudo. Acho que cabe a discussão de uma reforma política no Brasil, sem dúvidas. Nós tentamos isso depois de 2013 e perdemos fragorosamente. Tentamos Constituinte, tentamos reforma política, tentamos…”, afirmou a petista ao responder se mudaria o presidencialismo de coalizão ao reassumir o posto.
Paulo Bernardo
Perguntada sobre a prisão na semana passada de Paulo Bernardo, que ocupou o Ministério das Comunicações em seu primeiro mandato e do Planejamento no governo de Lula, ela afirmou que não faria avaliação sobre “coisas que estão sob investigação” e criticou o “uso político das investigações da Lava Jato”, ao mencionar a delação do empreiteiro Marcelo Odebrecht.
“Então, você vai me desculpar, mas você não vai querer que eu faça uma avaliação sobre coisas que estão sob investigação da Justiça. Agora, acho estarrecedor me perguntar sobre o Marcelo Odebrecht, que nem concluiu a sua delação premiada. Tirante a hipótese de que o seu jornal – e aqui eu vou engrossar – tenha uma escuta dentro da cela, ou do lugar onde ele está fazendo a delação, vocês não têm o direito de me perguntar nada”, declarou.
A presidente afastada minimizou o impacto negativo das revelações da Lava Jato no processo de impeachment: “Não, minha querida. Eu acho que eu estou em um nível de vacinação absoluta contra isso. Isso tem sido feito sistematicamente contra mim. Sistematicamente. A última que arquivaram foi aquela em que quase caiu o mundo na minha cabeça porque eu liguei para o Lula e falei: ‘Vou mandar aí o Bessias’. Agora foi arquivado. Agora, o pato que eu pago enquanto não está arquivado é imenso. E eu me recuso a discutir Marcelo Odebrecht numa delação que nem acabou. Tem vazamento daquilo que não foi feito, tem vazamento… e tudo seletivo”, disse.
Opinião sobre o PSDB
Dilma também afirmou que, em meio às manifestações pró-impeachment, o setor que mais perdeu foi da “oposição que tradicionalmente tinha um projeto”, o PSDB. Segundo ela, o partido “endireitou” do ponto de vista dos valores. A presidente afastada destacou o apoio tucano a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara, “que tem uma pauta eminentemente de direita”. Segundo Dilma, “o processo mais grave no Brasil foi tornar o centro hegemonizado pela direita” e, assim, Cunha assumiu a hegemonia no PMDB.
“E essa hegemonia está expressa no governo do Michel Temer. Ele é Cunha. O Jucá não mente quando diz que Michel é Cunha. Um dos grandes problemas desse governo é esconder o Cunha. Porque o Cunha não é uma pessoa lateral deles. Ele é o líder deles. Líder em todos os sentidos”, afirmou.
PT se une a socialistas americanos para criticar eleições nos EUA: “É um teatro”
Os efeitos de uma possível vitória de Trump sobre o Judiciário brasileiro
Ódio do bem: como o novo livro de Felipe Neto combate, mas prega o ódio. Acompanhe o Sem Rodeios
Brasil na contramão: juros sobem aqui e caem no resto da América Latina
Deixe sua opinião