Um secretário municipal de Foz do Iguaçu foi preso nesta terça-feira (3) durante a segunda fase da Operação Pecúlio, deflagrada pela Polícia Federal (PF), na cidade do oeste paranaense. A ação é uma continuação da operação que investiga irregularidade em processos de licitação do município.
O secretário de obras da cidade, Carlos Juliano Budel, foi preso. Na primeira fase da operação, ele tinha prestado um depoimento sob condução coercitiva. O diretor de pavimentação do município, Ayres da Silva, também foi preso. Por telefone, o advogado de Budel, Osvaldo Loureiro disse não saber o motivo da prisão.
Nesta fase, foram expedidos quatro mandados de busca e apreensão, um de condução coercitiva e dois mandados de prisão preventiva, que não tem prazo determinado para vencer.
Prefeito já foi alvo da operação
Um dos alvos da primeira fase da Operação Pecúlio foi o prefeito de Foz do Iguaçu, Reni Pereira (PSB), que foi levado para depor em condução coercitiva. Agentes da PF encontraram um alto valor em dinheiro na casa do prefeito: cerca de R$ 120 mil. O prefeito foi levado até a delegacia da PF para prestar depoimento. Segundo o delegado Fábio Seiji Tamura, Pereira preferiu permanecer calado e falar somente em juízo. Versão diferente foi apresentada pelo prefeito em entrevista coletiva, na qual Pereira afirmou contribuir com as investigações e desconhecer qualquer irregularidade nos contratos de obras da Prefeitura.
Durante a primeira fase, realizada no dia 19 de abril, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, 10 mandados de prisão temporária, 19 conduções coercitivas e 51 mandados de busca e apreensão em residências de investigados, órgãos públicos e em empresas supostamente ligadas à organização criminosa envolvida em irregularidades na cidade.
Nesta fase, além do prefeito e Budel, também foram alvos de condução coercitiva o ex-secretário de Esportes, Anderson Andrade, o ex-secretário municipal de Saúde, Charles Bortolo, e o vereador Hermógenes de Oliveira (PMDB). Foram presos de forma preventiva o ex-secretário de Planejamento de Foz e gerente regional da Sanepar, Rodrigo Becker, o representante de uma empreiteira Nilton João Beckers, o ex-secretário municipal de Tecnologia da Informação, Melquisedeque de Souza, e o empresário Euclides de Moraes Barros Júnior.
A partir da análise dos elementos coletados nas buscas realizadas na primeira fase e o cruzamento das informações trazidas pelos interrogatórios de alguns investigados, foi possível identificar a participação de agentes públicos que solicitavam vantagens indevidas a empresários para fins ilícitos. Os mandados judiciais foram expedidos pela Justiça Federal em Foz do Iguaçu, após parecer do Ministério Público Federal.
A operação
O objetivo da operação era desarticular um grupo que teria praticado desvio de dinheiro contra a administração pública na cidade. A Controladoria-Geral da União (CGU) estima que as somas desviadas em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no Sistema Único de Saúde (SUS) chegam a um total de R$ 4 milhões.
A investigação analisou licitações municipais relacionadas a verbas públicas federais, que teriam envolvido “obtenção de vantagens indevidas”. Segundo a CGU, as empresas receberam quantias milionárias de recursos públicos federais (como o PAC), bem como de empresas contratadas para prestar serviços ao SUS.
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