Três ministros de Dilma tiveram de devolver verba de viagens
O recebimento de diárias de viagens para cidades onde autoridades têm casa já levou três ministros do governo Dilma Rousseff a devolver dinheiro para os cofres públicos neste ano. O caso mais conhecido foi a da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que segundo a Controladoria-Geral da União (CGU) recebeu verbas para ir ao Rio de Janeiro, onde vive, sem justificativa oficial. A ministra teve de devolver R$ 2,9 mil.
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, também teve de devolver R$ 1.381,18 pela ajuda financeira que recebeu para uma viagem a Curitiba, onde tem casa. A viagem ocorreu entre os dias 30 de abril e 2 de maio. O ministério diz que o depósito ocorreu devido a um erro burocrático.
O terceiro ministro a devolver recursos foi o baiano Afonso Florence, titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O total devolvido foi de R$ 1.365,96, pagos como diária para uma viagem feita a Salvador, onde ele vive. (RWG)
R$ 2,9 mil
... foi quanto a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, teve de devolver de diárias de viagens indevidas. Ele recebeu o montante mesmo estando no Rio de Janeiro, onde tem casa. Situação semelhante levou Paulo Bernardo (Comunicações) e Afonso Florence (Desenvolvimento Agrário) a devolver, respectivamente, R$ 1.381,18 e R$ 1.365,96.
Informações da Central de Viagens do governo do Paraná mostram que o secretário estadual da Fazenda, Luiz Carlos Hauly (PSDB), recebeu diárias de viagem para ir à sua cidade de origem, Londrina, onde tem casa. Nos cinco meses iniciais da atual gestão, Hauly viajou a Londrina seis vezes com transporte pago pelo estado. Em todas as ocasiões, passou o fim de semana na cidade.
Uma das viagens em que Hauly recebeu diárias por ir a Londrina ocorreu entre 17 e 21 de março. A justificativa apresentada ao governo do estado tinha relação com uma viagem a Brasília. O secretário afirmou que a viagem se devia a uma reunião com representantes do Banco Mundial e à recepção do presidente norte-americano Barack Obama. Antes de voltar a Curitiba, porém, Hauly estendeu a viagem a Londrina. Chegou à sua cidade no sábado e voltou a Curitiba apenas na segunda-feira.
De acordo com o site do governo, Hauly recebeu, além das passagens, R$ 1.172 para hospedagem e alimentação em todo o percurso. Como os secretários podem receber apenas R$ 400 por diária em Brasília, outros R$ 372 seriam referentes à passagem por Londrina, onde o secretário mantém residência.
O mesmo ocorreu entre os dias 28 de abril e 2 de maio. Hauly viajou a São Paulo, apresentando como justificativa uma reunião no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista) sobre assuntos tributários. Na sexta-feira, seguiu para Londrina, onde passou o fim de semana. Novamente, a única noite passada em São Paulo não justifica os R$ 1.160 recebidos pelo secretário.
Hauly afirma que jamais recebeu diárias para ir a Londrina sem ter compromissos oficiais na cidade. Diz que, a cada dia que passa no município, mesmo em fins de semana, realiza de 15 a 18 audiências com empresários e prefeitos da região. "Vou a Londrina quase todo fim de semana, mas por conta própria. Mas só vou com custo para o estado quando tenho compromisso oficial", diz.
Além disso, o secretário afirma que, embora Londrina apareça como destino de algumas de suas viagens, a diária se justifica porque ele também visita outras cidades da região. "Londrina é onde o avião pousa. Mas vou a Cornélio Procópio, a outros municípios também", diz, justificando as diárias. Segundo Hauly, tudo é feito dentro das regras do governo.
O secretário ressalta também que o fato de manter casa em Londrina, e não em Curitiba, traz prejuízos e não vantagens. "Eu também tenho gastos para ficar em Curitiba. Só de aluguel pago R$ 3,8 mil por mês. Desde o começo do ano, foram R$ 19 mil", diz.
Situação diferente
O procedimento de Hauly é diferente do que outros secretários com origem política no interior adotam dentro do governo do estado. Titular da pasta de Indústria e Comércio, Ricardo Barros já viajou a Maringá, sua cidade de origem, várias vezes desde o início da atual gestão. Em alguns casos, inclusive, passou pelo município durante o retorno de uma viagem oficial. No entanto, nesses casos aparece uma anotação na Central de Viagens descrevendo que o trecho aéreo entre Maringá e Curitiba foi feito sem custo para o estado.
Além disso, Barros não recebe diárias quando vai a Maringá. "Tenho casa em Curitiba, Maringá e Brasília. Não faria sentido pedir diária para [viagens a] esses municípios", afirma o secretário.
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