Os secretários de estado que pretendem disputar as eleições de 2006 vão poder permanecer no governo até o dia 30 de março do próximo ano, prazo máximo determinado pela lei para desincompatibilização dos ocupantes de cargos públicos. O governador Roberto Requião (PMDB) não pretende antecipar a saída dos integrantes de sua equipe antes da data limite. No governo existem 19 pré-candidatos à Assembléia Legislativa ou à Câmara Federal, incluindo secretários e presidentes de autarquias.
A decisão já foi comunicada ao chefe de gabinete, o deputado licenciado Vanderlei Iensen (PMDB). "O governador disse que gostaria que eu ficasse até o prazo final e vou permanecer. Requião afirma que os secretários vão poder esperar até o prazo final, vai depende da decisão de cada um", afirmou Iensen.
Mesmo com a possibilidade de permanecer no cargo, alguns secretários já estão deixando o governo, como Aldo Parzianello, que estava comandando a secretaria de Justiça e Cidadania. Ele entregou a carta de demissão, vai tirar férias e depois retorna em campanha para concorrer a uma vaga na Assembléia Legislativa.
O ex-deputado estadual, Renato Adur, também deixou o governo nesta semana, mas não pretende disputar a eleição. Antecipou a saída para se dedicar exclusivamente à administração de suas empresas.
Apesar da tentativa de parte da bancada do PMDB de antecipar para este mês a saída dos integrantes do primeiro escalão do governo que pretendem disputar as eleições do próximo ano, o governador deixou o secretariado livre para decidir. Argumentando que seria uma concorrência desleal a permanência de candidatos-secretários no governo porque alguns estariam usando a força política do cargo para fazer campanha, os deputados estavam pedindo desde o ano passado mudanças no primeiro escalão.
Para Vanderlei Iensen, os pré-candidatos que ocupam a função de secretário de estado têm vantagens e desvantagens em relação a outros concorrentes. "Algumas secretarias podem dar mais visibilidade ao candidato, mas tem o outro lado: o horário a cumprir e a rotina administrativa. Agora, por exemplo, os deputados estão em campanha nas bases e eu estou despachando no Palácio Iguaçu. Os secretários não têm a mesma disponibilidade de tempo daqueles que estão fora do governo", comparou.
O grande número de pré-candidatos do primeiro e segundo escalão, segundo Iensen, é um "sinal de que o governo vai bem" e está com credibilidade junto a opinião pública. "Hoje, quem estiver saindo ao lado do governador vai levar vantagem porque vai poder apresentar muitas obras e resultados práticos", afirmou.
Da lista de 19 pré-candidatos do governo, apenas dois não são do PMDB: o petista Padre Roque Zimmermann, secretário do Trabalho e o presidente da Paraná Esporte, Ricardo Gomyde (PcdoB).
Além da vontade de ter um mandato, os integrantes da equipe do governo também estão empenhados em ajudar o partido a obter votos de legenda para eleger uma bancada grande. "Quem pensa que um deputado vai precisar de muito mais votos no PMDB para se eleger do que nos outros partidos, está enganado. A chapa é muito forte e a votação de legenda deve garantir a eleição de 18 a 20 deputados", prevê Vanderlei Iensen.
A permanência dos secretários no governo também vai resolver outro problema interno na bancada do PMDB, que é a garantia de mais tempo na Assembléia Legislativa para os suplentes que ocupam o lugar dos deputados licenciados.
Com o retorno à Assembléia dos três secretários que são deputados Caíto Quintana (chefe da Casa Civil), Vanderlei Iensen (chefe de gabinete), e Edson Strapasson (presidente da Comec) perdem direito às cadeiras o líder do PMDB na Casa, Antônio Anibelli e o deputado Ademir Bier. Com a volta de Iensen, que foi eleito pelo PDT, quem perde a vaga é o deputado, César Seleme, que está no PMDB, mas foi eleito pelo PP.
O chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, disse que também pretende ficar até abril no cargo, a não ser que o governador defina um substituto logo no início de 2006. O deputado afirma que a escolha não é uma tarefa fácil porque tem que ser alguém muito próximo e ao governador, que vai ficar mais ausente no próximo ano por causa da campanha eleitoral.