Thiago Nóbrega, delegado do Gaeco: máfia contra a saúde na Região Oeste do Paraná.| Foto: Luiz Carlos da Cruz/Gazeta do Povo

O Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu na manhã desta terça-feira (26) quatro mandados de prisão, nove de busca e apreensão e seis de condução coercitiva em uma nova fase da Operação Panaceia, que investiga desvio de recursos da saúde em 21 municípios da Região Oeste do Paraná.

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Desta vez, os mandados foram cumpridos na prefeitura de Santa Tereza do Oeste, no Centro Municipal de Saúde e na empresa Hospilab, distribuidora de medicamentos com sede em Cascavel. Também foram cumpridos mandados nas residências dos investigados

Foram presos preventivamente o secretário de Finanças, J úlio Cezar Valdomeri, e o de Saúde, Fernando Prado, além dos empresários Joe Henrique Franz e Mário José Veiga, sócios da empresa Hospilab. De acordo com o delegado Thiago Nóbrega, do Gaeco, na casa dos empresários foram encontrados arma de fogo e munições. No gabinete do secretário da Saúde os policiais apreenderam R$ 6 mil – ele não soube informar a origem.

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O delegado explicou que a fraude começava já no processo de licitação. “As fraudes se iniciavam desde a época do processo licitatório, inclusive o secretário de Finanças participava das comissões e, já com cartas marcadas, essas empresas saíam vencedoras. A partir daí faziam a divisão dos valores que eram desviados”, relatou.

No total quatro empresas são investigadas, inclusive outras denunciadas em outras fases da Operação Panaceia. Somente a Hipolab teria desviado dos cofres públicos de Santa Tereza do Oeste R$ 500 mil. “A fraude consistia na emissão de notas frias, esse dinheiro era dividido entre os empresários e secretários”, conta o delegado.

O Gaeco identificou indícios de desvio de recursos em 30 processos licitatórios desde 2013. A distribuídora de medicamentos costumava entregar apenas 60% do que era licitado. O restante era divido entre os secretários municipais e os empresários.

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Segundo Nóbrega, o secretário de Saúde recebia, em média, R$ 2.500 do esquema fraudulento. O Gaeco tem comprovantes de depósitos feitos pela empresa diretamente na conta do secretário. O delegado afirmou ainda que ainda não existem provas contra o prefeito Amarildo Rigolin (PP), mas não descartou a possibilidade de participação no esquema. Rigolin é presidente da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop).

As investigações sobre desvios de recursos destinados à saúde em 21 municípios da Região Oeste do Paraná já resultaram em operações em três prefeituras. A primeira, em junho do ano passado, foi a de Ibema. Na época, o prefeito Antônio Borges Rabel e secretários municipais foram presos. Em novembro do ano passado, na segunda fase da Operação Panaceia, policiais do Gaeco estiveram na cidade de Corbélia quando prenderam o secretário de Saúde, Francisco Celiomar da Silva.

Defesa

A reportagem entrou em contato com a distribuidora de medicamentos, mas um funcionário não soube informar quem são os advogados dos empresários. Em telefonema ao prefeito Amarildo Rigolin, quem atendeu foi o filho dele, que disse que ele ligaria mais tarde – não retornou até a publicação da matéria. Também não foi possível contato com os advogados dos secretários.