Às vésperas do depoimento do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na CPI da Petrobras, cresce no partido a pressão para que ele se licencie do cargo. A Mensagem, segunda maior corrente interna petista, pretende formalizar esta semana um pedido de afastamento de Vaccari em reunião com o presidente do partido, Rui Falcão. A direção do PT, porém, quer adiar essa discussão para a reunião do diretório nacional, no dia 17. Vaccari irá à CPI quinta-feira.
— O nosso entendimento é que não é bom para ele nem para o partido essa situação. Ele deveria se afastar já. Isso dará melhores condições para ele e para o partido se defenderem — disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), da Mensagem.
Integrante da ala majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB), a qual pertence o tesoureiro, o secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza, defendeu Vaccari.
— Isso é um oportunismo político. Por que pedir o afastamento? Tem algum fato novo? O Vaccari não está aqui por vontade própria, ele está aqui porque foi eleito no partido. Tem muita gente solidária a ele. O que tem agora é financiamento partidário. Todo mundo recebe da mesma fonte. Do PT é propina e o dos outros não? — questionou ele.
Apesar de pressões de integrantes do PT e do Palácio do Planalto, Vaccari resiste em se licenciar do cargo. Segundo pessoas próximas, ele tem se mostrado magoado com o que considera condenação prévia e diz que seu eventual afastamento atrapalharia sua defesa.
Vaccari é réu na Justiça Federal, desde o último dia 23, sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A denúncia foi feita pelo Ministério Público na investigação do esquema de corrupção na Petrobras.
Em uma das linhas de investigação da Operação Lava Jato, a Polícia Federal apura se o dinheiro desviado da Petrobras foi lavado por meio de doações ao PT. Vaccari e o partido negam.
Dirigentes do PT estão trabalhando para abafar o movimento interno do partido pelo afastamento do tesoureiro. Uma liderança ligada ao ex-presidente Lula classificou como “uma crueldade”, neste momento, propor que Vaccari se licencie, mesmo que seja sob o argumento usado por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República. Marco Aurélio entende que Vaccari deveria pedir licença da direção do PT para se defender das acusações.
— Vaccari não é um megalomaníaco como Delúbio (Soares, ex-tesoureiro do PT), que se envolveu no esquema do Marcos Valério, comprou sede de luxo para o PT em São Paulo, distribuiu computadores, nem ganhou uma Land Rover, como o Silvinho (Pereira). O que ele fez foi um trabalho coletivo. Pediu dinheiro aos empresários para o PT. Ele não tinha como saber de onde veio o dinheiro — afirmou essa liderança petista. (Colaboraram Luiza Damé e Simone Iglesias)
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