Mesmo sem ter qualquer agenda oficial na França, o governador Beto Richa (PSDB) passou dois dias em Paris, às custas do erário. Além do governador, outros três membros do governo que estão na comitiva também deram uma “esticada” na capital francesa. Segundo a assessoria do Palácio Iguaçu, a comitiva teve que fazer uma parada técnica porque não havia lugar nos voos disponíveis entre Paris e Xangai, na China, primeira parada oficial da comitiva.
Oposição na Alep reage e pede informações sobre a viagem
A oposição apresentou um pedido de informações na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) sobre a viagem do governador Beto Richa (PSDB). Segundo o líder da bancada, Tadeu Veneri (PT), o pedido busca saber quantas pessoas foram na viagem e qual sua função; quais empresário seguiram junto com o governador e quais setores representam; a agenda da viagem em si; e quais os benefícios obtidos. O líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), pediu para discutir o requerimento, adiando a votação para a próxima segunda-feira (19).
Veneri diz que causa estranheza a escala de Richa em Paris. De acordo com ele, há trajetos bem mais usuais para a China, via Frankfurt, na Alemanha, ou via Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ele diz ainda que o custo da viagem pode até ser pouco relevante para o orçamento do estado, mas que a situação causa “desconforto”, uma vez que Richa está usando dinheiro público para ficar em Paris em um dia em que não há agenda.
Já Romanelli (PMDB) disse que estão se preocupando com algo sem importância e que a viagem é importante para trazer investimentos para o estado. (CM e RG)
Richa chegou a Paris na manhã de sábado (10) e viajou para a China na segunda-feira (12), revelou a Folha de S. Paulo. Na capital francesa, ele ficou no hotel Napoleon, um hotel de luxo nas proximidades do Arco do Triunfo. Segundo a assessoria do governo, Richa ficou no quarto mais barato do hotel, sem café da manhã.
De acordo com o site do hotel Napoleon, o valor de duas diárias para um casal no quarto mais simples, sem café da manhã, seria de cerca de R$ 2,2 mil – a reportagem pesquisou o preço para o próximo final de semana. O governo diz que pagou menos de R$ 1 mil por pessoa pelas diárias, e alega que todos os gastos da viagem estarão disponíveis no Portal da Transparência.
Além de Richa, estão na comitiva a secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social, Fernanda Richa (esposa do governador), o presidente da Agência Paraná de Desenvolvimento, Adalberto Netto, e o assessor Eduardo Pimentel Slaviero. Todos têm suas despesas custeadas pelo estado.
Segundo o governo, Fernanda participa da viagem porque foi convidada a fazer uma visita a um programa social na cidade de Hefei, na China. Netto teria sido o intermediador dos encontros e, por isso, participa da comitiva. Já Slaviero, segundo o governo, está dando “suporte técnico” ao governador. Além deles, representantes do setor privado também participam da viagem, mas não estão sendo custeados pelo estado.
A assessoria do governo declarou, ainda, que os membros da comitiva têm direito a diárias de US$ 684 (o equivalente, hoje, a R$ 2,6 mil), de acordo com a legislação vigente. A assessoria informou, também, que Richa ficou dois dias em Paris por não ter conseguido um encaixe de voos que não exigisse a permanência em solo francês. De acordo com o governo, essa foi a única forma encontrada de o governador chegar a Xangai para seu primeiro compromisso, na terça-feira (13).
Viagem oficial
A comitiva vai voltar no dia 23. O governador deve visitar empresários e autoridades na China, onde fica até o dia 18, e na Rússia, a partir do dia 19. Segundo o governo, o objetivo da viagem é trazer investimentos ao estado.