Renan Calheiros, presidente do Senado.| Foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi ouvido na segunda-feira (31) pela Polícia Federal (PF) sem qualquer alarde, na sede da superintendência da PF no Distrito Federal. O depoimento durou uma hora e meia e, segundo o advogado do senador, Eugênio Pacelli, todas as perguntas dos policiais federais foram respondidas.

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A oitiva se refere ao inquérito que investiga as suspeitas de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, dentro da Operação Lava Jato. Esse inquérito é o maior dentre os 24 procedimentos abertos em março pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar autoridades com foro privilegiado.

Ao todo, 39 políticos são investigados, entre pessoas com foro e sem foro. Os fatos estão conectados e, por isso, todos são investigados num único inquérito.

O crime de formação de quadrilha é o cerne do inquérito, que conta com 31 parlamentares e ex-parlamentares do PP, suspeitos de receber propina do esquema de desvios da Petrobras, e com quatro senadores da cúpula do PMDB no Senado, entre eles Renan – os peemedebistas são suspeitos de agir no Senado para garantir apoio ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em troca de uma partilha do dinheiro desviado dos contratos da diretoria de Abastecimento. Ainda é investigado o ex-secretário nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, preso em Curitiba.

“O depoimento do presidente foi muito rápido, ele respondeu a todas as perguntas, com tranquilidade”, disse Pacelli.

As investigações da PF e do Ministério Público Federal (MPF) vêm encontrando mais dificuldades para reunir provas do envolvimento de Renan no esquema. Fontes com acesso aos inquéritos envolvendo o senador classificam as investigações como em ritmo “regular”.

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“Não existe lentidão. A questão é que não existe nada contra ele”, afirmou o advogado.

O presidente do Senado é investigado em dois inquéritos. Além desse inquérito maior, ele é alvo de apuração num procedimento que envolve também o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE). A suspeita é de pagamento de propina a partir do esquema na Petrobras – corrupção passiva e lavagem de dinheiro são os crimes investigados. A apuração se concentra em quebras de sigilos bancários.

Essas quebras se referem ao episódio do depósito de R$ 5,7 milhões na conta de um escritório de advocacia em Brasília. O dinheiro seria o resultado de um acordo favorável ao Sindicato dos Práticos na Petrobras e teria como destino final o presidente do Senado, passando pelo deputado Aníbal, conforme a delação de Costa. As investigações tentam mapear o destino do dinheiro.