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Ricardo Lewandowski, presidente do STF: pedido de paciência. | Antônio More/Gazeta do Povo
Ricardo Lewandowski, presidente do STF: pedido de paciência.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Sem citar nominalmente a presidente Dilma Rousseff, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, disse que o país precisa ter “paciência” nos próximos três anos e não embarcar em um “golpe institucional” que, segundo ele, pode por em risco as instituições democráticas. A fala do presidente do Supremo ocorreu em palestra em uma faculdade de São Paulo e foi a mais incisiva até agora de um chefe de Poder em defesa da preservação do mandato da petista, que vai até 2018.

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“Com toda a franqueza, devemos esperar mais um ano para as eleições municipais. Ganhe quem ganhe as eleições de 2016, nós teremos uma nova distribuição de poder. Temos de ter a paciência de aguentar mais três anos sem nenhum golpe institucional”, afirmou o presidente do STF, em palestra na Fadisp, uma faculdade de direito na zona oeste de São Paulo.

“Estes três anos [após o ‘golpe institucional’] poderiam cobrar o preço de uma volta ao passado tenebroso de trinta anos. Devemos ir devagar com o andor, no sentido que as instituições estão reagindo bem e não se deixando contaminar por esta cortina de fumaça que está sendo lançada nos olhos de muitos brasileiros”, afirmou.

No contexto em que mencionou “cortina de fumaça”, Lewandowski se referia a uma crise que ele considera eivada de “artificialismo”. Na visão de Lewandowski, a crise do país tem mais fundo político do que econômico. “O STF não está se deixando envolver emocionalmente por estes percalços que estamos vivendo”, disse.

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Na mesma palestra em que defendeu que o país deve “aguentar” três anos sem dar “golpe institucional”, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, criticou abertamente o Congresso Nacional por priorizar “investigações amadoras” em vez de cumprir sua função constitucional de legislar.

A crítica se deu em um contexto em que o ministro falava a acadêmicos de uma faculdade de direito que o princípio da separação dos Poderes, surgido no Iluminismo, enfrenta problemas práticos no Brasil, como o forte uso do Executivo das Medidas Provisórias e o protagonismo crescente do Judiciário em vácuos de legislação deixadas pelo Congresso, como a regulação de financiamento de campanhas, cotas nas universidades e as uniões homoafetivas.

“O Congresso Nacional deixou de lado a sua função legislativa e passou a exercer uma função investigativa. Inúmeras CPIs correndo, substituindo-se ao MP e à PF ao próprio Judiciário, fazendo aquilo que ele [Congresso] não sabe fazer e deixando de fazer aquilo que ele sabe, que é legislar”, disse Lewandowski.

Em seguida, arrematou: “Investigar é para profissional, não é para amador, com todo respeito aos nossos parlamentares. É por isso que as CPIs dão no que dão”.

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