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O presidente do PT, Rui Falcão | Fernando Zamora/Futura Press - Folhapress
O presidente do PT, Rui Falcão| Foto: Fernando Zamora/Futura Press - Folhapress

Não foi só a imagem do PT que a Operação Lava-Jato afetou. Com representantes das principais empreiteiras do país na cadeia, o caixa do partido secou. Enquanto toma medidas para fechar as contas e aumentar a arrecadação, a direção petista tenta dar um verniz positivo ao sumiço dos financiadores. Após os escândalos do mensalão e da Petrobras, o comando do PT adotou como bandeira ética o fim do financiamento empresarial. O partido se antecipou ao Supremo Tribunal Federal e decidiu, em abril, que não aceitaria mais doação de empresas.

Entre as medidas do ajuste petista está a rescisão do contrato de aluguel de dois dos três andares da sede nacional em Brasília. O partido vai desocupar o subsolo, onde há um auditório com 140 lugares, e o andar térreo, onde funcionam a recepção e uma loja que vende camisetas, livros e broches do PT. A decisão foi tomada pelo então tesoureiro João Vaccari, que está preso, condenado por corrupção passiva e lavagem na Lava-Jato.

O PT não informou de quanto será a economia, apenas que a medida faz parte de um conjunto de ações para diminuir os gastos com custeio, que já teria resultado em uma redução de custos de 30%. Segundo a assessoria do partido, todos os contratos foram renegociados.

Essa não é a primeira vez que um escândalo de corrupção desaloja o PT. Na esteira do mensalão, o partido deixou um prédio luxuoso em Brasília, onde tinha algumas salas, e mudou-se para a atual sede, em uma região degradada da capital.

Na tentativa de reduzir a inadimplência de seus filiados, o partido diminuiu o valor da contribuição cobrada dos que ocupam cargos de confiança no governo federal. Foram alteradas as faixas de renda e os valores das parcelas a deduzir. Assim, um filiado com salário líquido de R$ 5 mil teve sua contribuição reduzida de R$ 448 para R$ 252. Já quem tem renda de R$ 1.500 passou de R$ 57 para R$ 30.

Ainda como parte desse esforço, o PT concedeu desconto de 70% no valor das dívidas de filiados, além de redução de 10% no valor da contribuição mensal para quem optou por pagamento em débito automático.

Tesoureiro da campanha derrotada do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao governo de São Paulo, no ano passado, Jorge Coelho disse achar viável manter o partido e fazer campanha sem doação empresarial:

”O PT se criou sem doação empresarial. As campanhas vão ter que ser mais baratas, com mais militância, mais mobilização e organização”, disse.

Fundo partidário

Em setembro, o Supremo proibiu que partidos e candidatos recebam doações de empresas. Contrários à decisão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e líderes partidos da oposição apostam na confirmação, pelo Senado, de proposta de emenda constitucional, já aprovada na Câmara, que volta a autorizar as doações.

Sem o dinheiro de empresas, as campanhas e os partidos serão custeados com recursos do Fundo Partidário e contribuições de filiados e simpatizantes. O 5º Congresso do PT, em julho, lançou uma campanha de arrecadação pela internet.

Parte da queda de receita será compensada com o aumento do Fundo Partidário. O Congresso triplicou, em março, os recursos destinados para este fim no Orçamento. A verba total passou de R$ 289 milhões para R$ 867 milhões. O PT deve receber cerca de R$ 110 milhões este ano. Em 2014, o PT declarou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 193 milhões em doações de empresas e pessoas físicas. Em 2013, foram R$ 79 milhões.

A resolução interna proibindo a doação de empresas, antes da decisão do STF, não agradou a todos. O presidente do diretório do Rio, Washington Quaquá, queria liberar a doação de empresas para os diretórios regionais, deixando a proibição restrita ao diretório nacional.

O diretório do Rio tem dívida de quase R$ 12 milhões da campanha do senador Lindbergh Farias para o governo do estado; o de São Paulo, de R$ 25 milhões, da campanha de Padilha.

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