Não foi só a imagem do PT que a Operação Lava-Jato afetou. Com representantes das principais empreiteiras do país na cadeia, o caixa do partido secou. Enquanto toma medidas para fechar as contas e aumentar a arrecadação, a direção petista tenta dar um verniz positivo ao sumiço dos financiadores. Após os escândalos do mensalão e da Petrobras, o comando do PT adotou como bandeira ética o fim do financiamento empresarial. O partido se antecipou ao Supremo Tribunal Federal e decidiu, em abril, que não aceitaria mais doação de empresas.
Entre as medidas do ajuste petista está a rescisão do contrato de aluguel de dois dos três andares da sede nacional em Brasília. O partido vai desocupar o subsolo, onde há um auditório com 140 lugares, e o andar térreo, onde funcionam a recepção e uma loja que vende camisetas, livros e broches do PT. A decisão foi tomada pelo então tesoureiro João Vaccari, que está preso, condenado por corrupção passiva e lavagem na Lava-Jato.
O PT não informou de quanto será a economia, apenas que a medida faz parte de um conjunto de ações para diminuir os gastos com custeio, que já teria resultado em uma redução de custos de 30%. Segundo a assessoria do partido, todos os contratos foram renegociados.
Essa não é a primeira vez que um escândalo de corrupção desaloja o PT. Na esteira do mensalão, o partido deixou um prédio luxuoso em Brasília, onde tinha algumas salas, e mudou-se para a atual sede, em uma região degradada da capital.
Na tentativa de reduzir a inadimplência de seus filiados, o partido diminuiu o valor da contribuição cobrada dos que ocupam cargos de confiança no governo federal. Foram alteradas as faixas de renda e os valores das parcelas a deduzir. Assim, um filiado com salário líquido de R$ 5 mil teve sua contribuição reduzida de R$ 448 para R$ 252. Já quem tem renda de R$ 1.500 passou de R$ 57 para R$ 30.
Ainda como parte desse esforço, o PT concedeu desconto de 70% no valor das dívidas de filiados, além de redução de 10% no valor da contribuição mensal para quem optou por pagamento em débito automático.
Tesoureiro da campanha derrotada do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao governo de São Paulo, no ano passado, Jorge Coelho disse achar viável manter o partido e fazer campanha sem doação empresarial:
”O PT se criou sem doação empresarial. As campanhas vão ter que ser mais baratas, com mais militância, mais mobilização e organização”, disse.
Fundo partidário
Em setembro, o Supremo proibiu que partidos e candidatos recebam doações de empresas. Contrários à decisão, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e líderes partidos da oposição apostam na confirmação, pelo Senado, de proposta de emenda constitucional, já aprovada na Câmara, que volta a autorizar as doações.
Sem o dinheiro de empresas, as campanhas e os partidos serão custeados com recursos do Fundo Partidário e contribuições de filiados e simpatizantes. O 5º Congresso do PT, em julho, lançou uma campanha de arrecadação pela internet.
Parte da queda de receita será compensada com o aumento do Fundo Partidário. O Congresso triplicou, em março, os recursos destinados para este fim no Orçamento. A verba total passou de R$ 289 milhões para R$ 867 milhões. O PT deve receber cerca de R$ 110 milhões este ano. Em 2014, o PT declarou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 193 milhões em doações de empresas e pessoas físicas. Em 2013, foram R$ 79 milhões.
A resolução interna proibindo a doação de empresas, antes da decisão do STF, não agradou a todos. O presidente do diretório do Rio, Washington Quaquá, queria liberar a doação de empresas para os diretórios regionais, deixando a proibição restrita ao diretório nacional.
O diretório do Rio tem dívida de quase R$ 12 milhões da campanha do senador Lindbergh Farias para o governo do estado; o de São Paulo, de R$ 25 milhões, da campanha de Padilha.
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Deixe sua opinião