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Ex-ministro José Dirceu prestou depoimento ao juiz Sergio Moro na última sexta-feira (29). | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Ex-ministro José Dirceu prestou depoimento ao juiz Sergio Moro na última sexta-feira (29).| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

“Sem falsa modéstia, R$ 120 mil [por mês] é irrisório”, afirmou o ex-ministro José Dirceu ao explicar ao juiz Sergio Moro os valores cobrados por ele para prestar consultoria. Em depoimento à Justiça Federal na última sexta-feira (29), o petista disse que os valores cobrados eram baixos em troca dele “emprestar” seu nome e prestígio às empresas investigadas na Operação Lava Jato .

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“Sem falsa modesta, esse preço [R$ 120 mil] é irrisório, vou dizer para o senhor Dr. Moro”, afirmou o ex-ministro. “Quero aproveitar para declarar que estou sendo alvo de notícias, que eu enriqueci. [Dizem] Que eu tenho um patrimônio de R$ 40 milhões. A minha empresa faturou R$ 40 milhões, 85% são despesas, são custeios. Eu ganhei o que ganha qualquer consultor ou advogado, R$ 60 mil, R$ 80 mil por mês.

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Dirceu diz que preço por consultoria era irrisório

O ex-ministro da Casa Civil foi interrogado pelo juiz federal Sergio Moro e explicou os contratos firmados pela JD Consultoria.

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O petista foi ouvido na ação que julga os envolvidos na 17ª fase da Lava Jato, batizada de “Pixuleco”. Em quase três horas, o ex-ministro se defendeu das acusações do Ministério Público Federal que o aponta como um dos beneficiários do esquema de corrupção da Petrobras. Dirceu é suspeito de ter recebido mais de R$ 11 milhões de propina através de falsos contratos de consultoria. Ele explicou ao juiz que, além de emprestar “seu nome e prestígio” às empresas, ele fazia panoramas políticos e econômicos do Brasil e da América Latina.

“Não vou dizer para o senhor que fazia relatórios, que eu dava um tipo de consultoria que eu não dava, porque eu vou faltar com a verdade. Vou fazer um falso testemunho”, explicou o ex-ministro . “Dei consultoria a 60 empresas nesses anos. Sempre mantive meus clientes informados. Ou meus clientes me ouviam para saber de economia, politica, mercado.”

Dirceu disse ainda que durante o julgamento do mensalão sua vida financeira foi “devassada” pela Receita Federal e que “praticamente” recebeu um “atestado de honestidade” do órgão. O petista, contudo, admitiu ainda que errou ao aceitar favores do lobista Milton Pascowitch, um dos operadores do esquema de pagamento de propinas da Petrobras. O lobista teria pago reforma de sua casa no interior paulista.

“Essa residência sofreu uma devassa da Receita Federal por conta da ação penal 470 [mensalão] e todo o meu imposto de renda anterior de cinco anos [foi investigado]. Recebi praticamente um atestado de honestidade. Até 2006, Dr. Moro, eu vivia de salário ou de funcionado da Assembleia de São Paulo ou de deputado, ou de presidente do PT. Não tive outra renda.”

O ex-ministro citou o depoimento do ex-presidente Lula à Lava Jato ao falar do seu papel na escolha de Renato Duque para a Diretoria de Serviços da Petrobras, em 2002. Dirceu disse que apenas avalizava nomes indicados por partidos da base aliada, por ministros e pela equipe de transição.

“Não se pode dizer que eu indiquei o senhor Renato Duque, mas também não se pode dizer que eu não tive participação”, disse o ex-ministro. “Vou tomar com base o ex-depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No governo, a indicação, como em todo governo, vem da base partidária do próprio governo, de ministros, parte da equipe de transição, não é uma indicação exclusiva. Isso é uma composição politica como ocorre nos Estados Unidos, Inglaterra e Portugal.”

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Dirceu explicou a Moro que havia dois nomes para a diretoria de Serviços e que ele apenas deu a palavra final. No dia 22 de janeiro, o lobista Fernando Moura disse ao juiz que após a vitória do PT nas eleições presidenciais de 2002, havia dois indicados à Diretoria de Serviços da Petrobras. Duque, levado pelo então secretário do PT, Silvio Pereira, que estaria na cota do diretório estadual do partido; e Irani Varella, indicado por Delúbio, por recomendação de Dimas Toledo, que foi diretor de Furnas no governo FH e seria ligado ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

“Simplesmente a indicação decorreu porque setores do PSDB, não vou dizer que é o senador e ex-governador Aécio Neves porque ele não conversou isso comigo e não pediu para mim. O que eu estou dizendo é que a informação que me chegou é que havia uma indicação do PSDB em Furnas, que é publica e notória em Minas Gerais e no país, senhor Dimas Toledo. Não digo que é oficial do PSDB, mas é isso. A indicação de Renato Duque permaneceu por causa desse motivo. Não porque houvesse alguma preferência. Não havia nenhuma OBS (observação) profissional com relação ao comportamento dele como cidadão.”

Na semana passada, na saída da Justiça Federal, o advogado do ex-ministro Roberto Podval disse que o petista admitiu ter recebido favores de investigados da Lava Jato. Segundo Podval, Dirceu ainda teria ciência de que Pascowitch podia usar seu nome em negociatas ilegais, mas negou ao juiz que fosse o mentor do esquema de corrupção. A força-tarefa da Lava Jato sustenta que a JD Consultoria, empresa do ex-ministro, era uma fachada para o recebimento de propinas de empreiteiras. No total, Dirceu teria recebido R$ 11 milhões.

Dirceu admitiu ainda ter usado um jatinho de outro lobista e delator, Júlio Camargo. Segundo Podval, ele teria dito que “os aviões me foram cedidos. A vida inteira me foram cedidos”.

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