Em paralelo à Operação Lava Jato, há cinco meses 26 deputados se debruçam na Câmara Federal sobre os desvios na Petrobras. Desde fevereiro, quando a CPI da Petrobras foi instalada, ocorreram 37 reuniões ordinárias, cinco diligências e o depoimento de 73 pessoas. Quase mil requerimentos – entre convocações de depoentes e pedidos de informações – já foram apresentados, além de 1,1 mil documentos recolhidos. Mas o volume de trabalho não se reflete em efetividade. A CPI, cujo término dos trabalhos deve ocorrer no fim de agosto, não trouxe nenhuma novidade em relação ao trabalho que vem sendo feito pela força-tarefa da Lava Jato.
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Leia a matéria completa“O ritmo de trabalho da CPI poderia estar melhor”, admite a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), autora de uma centena de requerimentos na comissão. Ela acredita que os deputados poderiam ter utilizado melhor os recursos disponíveis às CPIs, como a possibilidade de pedir quebras de sigilo e buscas e apreensões, com o intuito de priorizar o eixo político da Lava Jato. “Este é o ponto vital, mas que a CPI está se esquivando”, diz. “A culpa disso é parte do envolvimento entrelaçado entre PMDB e PT [partidos da maioria dos membros da Comissão], que fazem a agenda mais conveniente para eles, já que possuem investigados pela operação.”
Sem priorizar os políticos, a CPI decidiu investigar setores que já são alvo da Lava Jato – como, por exemplo, as suspeitas de irregularidades nas refinarias Repar (no Paraná), Abreu e Lima (Pernambuco), no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e na compra de navios pela Petrobras.
A estrutura de investigação da CPI, porém, é muito menor do que a da Lava Jato. Mesmo assim, deputados membros da CPI reclamam da falta de foco nos trabalhos. Em meio aos depoimentos coletados pela CPI em Curitiba, no mês de maio, por exemplo, alguns foram repreendidos por fazerem perguntas sem relação alguma com o foco da comissão.
Nesse passo, diz Eliziane Gama, será impossível convocar todas as pessoas de interesse da CPI. Ela avalia que, mantido o ritmo de trabalho do primeiro semestre, a comissão conseguirá ouvir apenas mais 30 pessoas até o fim. A reportagem tentou contato com o presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), e com outros parlamentares que integram a cúpula da comissão. Mas, devido ao recesso da Casa, não obteve retorno.
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