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A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar as denúncias de grampo em telefones de políticos e empresários foi instalada ontem na Assembléia Legislativa sem entusiasmo. O deputado indicado para presidir a CPI, Antônio Anibelli (PMDB), disse que a recusa da oposição em participar prejudica os trabalhos. "A CPI nasce capenga", afirmou.

Dos sete integrantes, apenas quatro participaram da instalação oficial feita pelo vice-presidente da Assembléia, Pedro Ivo Ilkiv (PT): Anibelli, Jocelito Canto (PTB), Duílio Genari (PP) e Natálio Stica (PT). Plauto Miró Guimarães (PFL) e Luiz Carlos Martins (PDT) foram indicados para representar a oposição, mas decidiram se retirar da CPI como forma de protesto. O deputado governista Miltinho Pupio foi indicado pelo PSDB, mas não compareceu. Ele não aparece nas sessões desde o primeiro turno da eleição, quando não foi reeleito.

A oposição boicotou a CPI com o argumento de que a investigação deveria ficar restrita à prisão do policial civil Délcio Rasera, lotado na Casa Civil e acusado de grampo telefônico. O impasse já dura dois meses, desde que a bancada de oposição apresentou requerimento propondo as investigações sobre o caso Rasera e argumentando um suposto envolvimento do governo do estado nas escutas clandestinas. No mesmo dia, os deputados governistas protocolararam outro documento incluindo também o período de Jaime Lerner (PSB). Ambos foram anexados.

A CPI ficou na geladeira desde setembro e só agora, após a eleição, foi criada. Faltando três semanas para o recesso parlamentar, a oposição considera impossível a comissão apurar alguma coisa. "Começou em pizza. Não existe mágica para investigar 12 anos até o dia 15. Fizeram de tudo para melar a CPI. Por que tanto medo de investigar o grampo do Rasera? ", questionou Luiz Carlos Martins.

Segundo Plauto Miró, a oposição não vai avalizar essa "brincadeirinha" do governo. "O objetivo da CPI era um e mudaram o foco com um novo requerimento para tornar a comissão inviável", afirmou.

Os governistas concordam que o tempo é curto – a CPI termina com o atual mandato, no dia 31 de janeiro –, mas discordam dos argumentos da oposição. "Daria para fazer um bom trabalho em conjunto em busca da verdade, mas a oposição não quer", disse Anibelli. A avaliação é de que não há mais interesse dos adversários em investigar o grampo telefônico porque acabou a campanha eleitoral e a finalidade era tentar atingir o governo.

Os governistas prometem iniciar os trabalhos a partir de um documento que está nas mãos do relator Jocelito Canto. O deputado garante ter cópia de um depoimento prestado ao Ministério Público Federal acusando a própria Promotoria de Investigação Criminal (PIC) – que está investigando o caso Rasera – de fazer escuta telefônica clandestina.

Segundo Jocelito Canto, a CPI quer provar que o policial araponga é "café pequeno" e não é o único a cometer o delito. "Tem muitos grampos por aí e não é só o Rasera que faz. Tem grampo feitos um para proteger o outro", acusa, sem revelar nomes.

A primeira reunião da comissão está marcada para hoje no fim da tarde, após a sessão plenária.

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