Com o argumento de que o julgamento deve ser isento, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PR-BA), inovou na escolha do relator da representação contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que vai julgar se ele quebrou ou não o decoro. Araújo decidiu excluir do sorteio deputados filiados ao PT e militares, que foram sorteados, embora essa vedação não esteja expressa no Código de Ética como outras que impedem, por exemplo, de o relator ser do mesmo partido que representou. O presidente do conselho fez o veto de ofício. Nesta quarta-feira (17), ele anunciou que o deputado Odorico Monteiro (Pros-CE) será o relator da representação contra Bolsonaro.
No primeiro sorteio, dois petistas estavam entre os três sorteados: Zé Geraldo (PA) e Valmir Prascidelli (SP). No outro, o deputado Subtenente Gonzaga (PDT-MG). Araújo disse que refez o sorteio e escolheu o deputado Odorico Monteiro, diante das opções sorteadas. Odorico Monteiro era filiado ao PT e só trocou de legenda este ano, filiando-se ao Pros. Foi um dos deputados que votou contra o impeachment de Dilma. Araújo diz que conversou com ele hoje antes de bater o martelo e acredita que ele fará um trabalho isento.
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Leia a matéria completa“Mesmo sem o Código [de Ética] vedar, achei que o PT seria parte interessada porque era uma coisa contra a Dilma. Refiz o sorteio e, pelas mesmas razões de isenção, excluí o nome do subtenente Gonzaga. E se tivesse gente da bancada da bala também tinha tirado. Fiz de ofício, para mim está claro que seria algo que poderia influenciar no relatório”, afirmou Araújo. “O Odorico foi do PT, mas é hoje do Pros. É uma pessoa centrada, médico. Conversei hoje. Fará um trabalho isento”, completou.
A representação feita pelo PV acusa Bolsonaro de fazer apologia à tortura ao pronunciar seu voto a favor da abertura do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff. Bolsonaro dedicou o votoao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que dirigiu o Doi-Codi de São Paulo durante a ditadura militar e foi o responsável por violações de direitos humanos, como desaparecimento, morte e tortura a opositores do regime militar.
Representação contra Jean Wyllys também tem relator definido
Araújo também definiu que o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) será o relator do processo contra o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). O presidente do Conselho de Ética disse que também teve preocupação em não dar qualquer brecha para que interpretassem suas escolhas para a relatoria com tendenciosas. Na representação feita pelo PSC, o socialista é acusado de imputar Bolsonaro e os deputados Marco Feliciano (PSC-SP) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP) como parte culpada do atentado à boate Pulse, na Flórida (EUA), no começo de junho. No “massacre de Orlando”, como ficou conhecido, 50 pessoas foram mortas e outras 53 ficaram feridas. Wyllys teria comparado em uma rede social o comportamento do responsável pelo ataque, Omar Marteen, aos simpatizantes dos parlamentares brasileiros.
Também foram definidos os relatores dos processos contra os deputados Laerte Bessa (PR-DF) e Wladimir Costa (SD-PA). Ambos são alvo de representação do PT por declarações feitas contra o partido e Dilma. O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) irá analisar o processo contra Bessa e o Subtenente Gonzaga a queixa contra Costa. Moraes ficou conhecido em 2009 ao dizer que estava “se lixando para a opinião pública” quando era relator do caso de quebra de decoro parlamentar do ex-corregedor da Câmara Edmar Moreira, dono de um castelo avaliado em R$ 25 milhões.
“Serei célere com as quatro representações. Acho que conseguiremos terminar até o fim do ano. Vamos trabalhar segundas, terças e quartas. Vou marcar sessões em todos os dias e até duas em um mesmo dia para dar andamento às representações”, afirmou Araújo.
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