Auditores presos na segunda fase da Operação Publicano, deflagrada nesta quarta-feira (10), usavam empresas de fachada para lavar o dinheiro recebido de propina de empresários e contadores que sonegavam impostos. Uma delas, a PF&PJ Soluções Tecnológicas, movimentou cerca de R$ 7 milhões entre 2012 e 2014, apesar de não ter sede própria.
Segundo o Gaeco, o auditor José Luiz Favoreto utilizava a PF&PJ, registrada em nome de um irmão, “tanto para recebimento de propina quanto para serviços de agiotagem e lavagem de ativos”. No endereço informado da empresa, no Jardim Botânico, em Curitiba, comerciantes e vizinhos afirmam nunca terem ouvido falar do empreendimento.
O relatório do Ministério Público (MP) mostra que, apesar de receber R$ 24,3 mil de salário na Coordenação da Receita Estadual, em Curitiba, Favoreto teria movimentado R$ 4,3 milhões em créditos na empresa apenas em 2014.
Em relatório de auditoria, o MP relata ter encontrado divergências entre os valores informados pela empresa à Receita Federal de faturamento declarado e movimentação financeira. A diferença, conclui o MP, “é indício de omissão de receita, sendo ainda indício de que a mesma não tenha origem decorrente da atividade fim da empresa”.
Outro auditor, Luiz Antônio de Souza, mantinha a empresa Masterinvest, em Londrina, também usada para lavagem de ativos e agiotagem, segundo o Gaeco. Ele teria colocado vários de seus bens em nome da empresa na tentativa de dissimular um patrimônio de R$ 40 milhões, de acordo com o MP.
A Masterinvest também foi usada para doar R$ 8.150 para a campanha eleitoral do deputado estadual Tiago Amaral (PSB). Quando a informação veio à tona, o parlamentar afirmou que a campanha seguiu a legislação e negou irregularidades.
Favoreto e Souza já haviam sido denunciados pelo MP na primeira fase da Publicano por corrupção na Receita. Favoreto respondia aos processos em liberdade, mas voltou a ser preso na nova fase da operação. Souza firmou acordo de delação premiada e colabora com a Justiça.
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