Um compromisso assumido pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, com líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) evitou que 15 militantes do movimento entrassem em greve de fome por tempo indeterminado.
Com a greve, que começaria às 17h desta quinta-feira, os trabalhadores pretendiam cobrar agilidade no assentamento de 220 famílias em dois engenhos da zona da mata pernambucana, já declarados improdutivos em vistorias realizadas há 10 anos. Ficou acertado que o Incra vai continuar o processo de assentamento das famílias que estão vivendo no engenho São Gregório, em Gameleira, de propriedade da Usina Estreliana.
O assentamento chegou a ser criado em 1997, mas a medida foi suspensa, porque o proprietário recorreu da decisão, entrando com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal.
A partir de maio, os trabalhadores do São Gregório terão direito a créditos para produção e melhoria da infra-estrutura. Quanto ao engenho Bonito, de 1.080 hectares, no município de Condado, pertencente ao grupo João Santos, o Incra ficou de fazer gestões políticas junto ao Poder Judiciário, para agilizar a desapropriação do imóvel rural.
Para Hackbart, foi positivo o encontro com os militantes do MST, na sede do Incra.
- Avançamos em pontos concretos de vistoria, liberação de créditos, criação de assentamentos. Além disso - informou Hackbart - os recursos do Orçamento Geral da União destinados aos projetos de reforma agrária serão liberados a partir do dia 10 de maio. Na quarta-feira enviaremos o procurador do Incra, Valdez Garcia, e o ouvidor agrário, Gercino Silva, para dialogar com o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, com o objetivo de acelerar as decisões - acrescentou.
O coordenador regional do MST, Jaime Amorim, disse que a greve foi suspensa de forma temporária.
- A greve de fome é um instrumento que só deve ser utilizado quando se esgotam todas as possibilidades de negociação - afirmou Amorim.
Segundo ele, o movimento decidiu dar um voto de confiança ao governo, até 20 de maio, quando se verificará se foram cumpridos os itens que ficaram acertados. Os trabalhadores rurais também reivindicam a desapropriação de 19 imóveis rurais, negociação das dívidas dos assentados e apoio a atividades de apicultura e piscicultura, além de financiamento para produção de sementes de mamona.
A meta do Incra para este ano é assentar em Pernambuco 5.270 famílias com recursos de mais de R$ 60 milhões.
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