Movimentos de sem-teto e trabalhadores rurais sem terra continuam nesta quinta-feira a série de ocupações planejadas para o "abril vermelho", com o objetivo de pressionar o governo federal a agilizar a reforma agrária e urbana no país. Integrantes do Movimento de Defesa da Moradia (MDM) estão acampados, pelo menos há uma semana, em frente ao prédio onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um apartamento, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O grupo montou acampamento do lado oposto ao da residência do presidente, na Avenida Francisco Prestes Maia, em Vila Santa Teresinha.

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De acordo com Rômulo Carvalho, coordenador do movimento, os sem-teto querem da Secretaria Nacional da Habitação explicações sobre o repasse de verbas à Prefeitura de São Bernardo, que pretende construir um conjunto habitacional para 800 famílias na Vila Esperança.

Em Alagoas, cerca de 100 famílias ligadas ao Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST) ocuparam, na manhã desta quinta-feira, a Fazenda Escorrega, em Campo Alegre. O movimento - que protagonizou a invasão da Câmara dos Deputados ano passado - reivindica a desapropriação da área, que é improdutiva, segundo os trabalhadores.

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Sem-terra desocupam sede do Incra em Recife

Em Pernambuco, militantes do Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL) decidiram deixar a sede do Incra, em Recife, depois que a Justiça Federal determinou a reintegração de posse em favor da autarquia. Não foi preciso usar força policial, mas um destacamento do Batalhão de Choque da Polícia Federal acompanhou a desocupação à distância. Os sem-terra só tomaram a decisão depois de reunião a portas fechadas com o ouvidor nacional do Incra, Gercino Silva, que viajou até Recife para contornar a crise.

Desde a última terça, os funcionários do Incra eram impedidos de entrar na sede do órgão pelos manifestantes, que fecharam a cadeado os portões da autarquia. Os sem-terra exigiam a exoneração da superintendente Maria de Oliveira, ex-ouvidora nacional da autarquia e muito respeitada pelos outros movimentos sociais, que lutam pela reforma agrária em Pernambuco.

MST ocupa três fazendas no Rio Grande do Sul

Nesta quarta-feira, o Movimento dos Sem Terra (MST) e as organizações de sem-teto se uniram e aumentaram as manifestações em todo o país contra as políticas fundiária e habitacional do governo Lula. Em menos de 48 horas, eles invadiram fazendas e prédios públicos, interditaram rodovias e fizeram marchas e passeatas em 12 estados.

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Cerca de 1.800 integrantes do MST invadiram três fazendas gaúchas nesta quarta-feira: Coqueiros, em Coqueiros do Sul, Granja Nenê, em Nova Santa Rita, e Estância Pantano, em Pedro Osório. Além disso, outros 350 sem-terra fizeram uma passeata pacífica em São Gabriel. Eles reivindicam que o governo federal assente imediatamente 2.500 famílias no estado e cobram uma política de reforma agrária da governadora Yeda Crusius.

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