Após uma participação expressiva nas últimas eleições municipais, quando chegou ao segundo turno da disputa pela prefeitura de Curitiba, Ratinho Junior (PSC) assumiu na semana passada a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedu) do governo Beto Richa (PSDB). Na eleição, os dois estiveram em lados diferentes, já que o governador apoiou a candidatura à reeleição de Luciano Ducci (PSB), que acabou ficando de fora do segundo turno. Ratinho e Ducci tiveram vários enfrentamentos na eleição, mas o antigo candidato do PSC diz que sempre respeitou o governador.
Durante a posse do novo secretariado, que aconteceu na última quinta-feira no Palácio Iguaçu, Richa destacou a força de trabalho e o vigor da juventude de Ratinho, elogiando seu desempenho profissional. Para ele, não há espaço em seu governo para diferenças políticas.
"Mesmo que eu nunca tenha apoiado sua candidatura nem para prefeito nem para governador do estado, sempre tive um histórico de relacionamento positivo e de respeito com o Beto Richa", concordou Ratinho. O novo secretário de Desenvolvimento Urbano falou à Gazeta do Povo sobre suas metas para a secretaria e como será o seu relacionamento com Richa e com o prefeito Gustavo Fruet (PDT).
Durante a campanha, o senhor criticou duramente o grupo do governador Beto Richa, a quem seu pai [o apresentador Ratinho] chamou na campanha de "cuecas de seda". Agora o senhor se alia a esse grupo. Não há uma contradição?
Eu não me confrontei com o governador. Minha disputa na campanha foi contra o Luciano Ducci, contra o Gustavo Fruet e contra os outros candidatos. Eu defendia um projeto para a cidade de Curitiba que eu acreditava ser o melhor, nós apontávamos os erros e dávamos as soluções. Isso faz parte do debate de candidatura a prefeito durante as eleições. A minha candidatura defendeu novos projetos para a cidade de Curitiba e não foi contra o governador foi contra o Luciano, que tinha o apoio do governador, como tinha o apoio de outras lideranças. Mesmo que eu nunca tenha apoiado sua candidatura nem para prefeito nem para governador do estado, sempre tive um histórico de relacionamento positivo e de respeito com o Beto Richa. Isso liquida qualquer problema político que possa haver entre nós.
O novo secretariado de Beto Richa é majoritariamente técnico. Sua falta de experiência em gestão pode ser um obstáculo?
Experiencia em gestão eu tenho. Faço parte do dia a dia do grupo de dezenove empresas da família, que tem mais de mil funcionários. O que eu não tinha era experiência na área de gestão pública. Cada secretário tem os seus méritos, mas operacionalmente as secretarias têm as mesmas regras de uma empresa, na maneira de gerir, de trabalhar com a equipe e assim por diante. E a experiência se constrói com a equipe. A própria Sedu tem uma equipe muito capacitada de profissionais concursados que trabalham lá há muito tempo. Então tenho muita tranquilidade em fazer esse trabalho.
Seu trabalho na Sedu envolverá um relacionamento mais estreito com as prefeituras, inclusive com a de Curitiba. Como se dará o seu diálogo com Gustavo Fruet?
Depois de ter tido 40% dos votos da cidade de Curitiba, seria muita ingratidão da minha parte se eu não me colocasse de alguma maneira à disposição para tentar, dentro do meu alcance, colaborar para resolver os problemas do município. Essa não é apenas uma vontade minha, é também uma determinação do governador Beto Richa: colaborar com Curitiba e com a região metropolitana, para a qual a Sedu tem uma gestão quase que direta por causa da Comec [Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba]. Então eu tenho gratidão por tudo o que a cidade de Curitiba fez por mim nessa eleição. E, independentemente do prefeito que estiver no poder, quero usar a minha força política para ajudar.
Quais são os principais desafios da Sedu pelos próximos dois anos e quais são os seus principais projetos?
Eu acho que nesse primeiro momento a meta é dar o ritmo do meu estilo de trabalhar. O César [Silvestri, ex-secretário da área] montou uma equipe fantástica e eu tenho que buscar manter isso. Mas preciso impor uma maneira de trabalhar que seja no meu ritmo. Eu quero ficar muito pouco no gabinete e muito tempo com os prefeitos, visitando os municípios e verificando os problemas in loco, não só visitando as obras, mas também buscando as vocações das regiões e entendendo a particularidade de cada município. Vou tentar também desburocratizar a máquina pública, tentar ser um instrumento facilitador para que os municípios recebam seu dinheiro da maneira mais rápida possível.
Caso fique até o final do mandato, qual o legado que pretende deixar para a secretaria?
Quero contribuir para que a Sedu possa ser o máximo possível uma secretaria que planeje o futuro das cidades e das microrregiões. Hoje nós temos um defeito dos gestores públicos de modo geral, que acabam não investindo em planejamento de médio e longo prazo. Eu quero poder implantar essa filosofia de gestão na Sedu, que ela possa se planejar a médio e longo prazo para que tenha soluções antes mesmo que os problemas apareçam. Já começamos, por exemplo, a fazer uma parceria com a Secretaria do Meio Ambiente para pensar nos aterros sanitários que devem ser criados por exigência de lei e por respeito ao meio ambiente. E queremos dar, através da Sedu, a infraestrutura necessária aos municípios pequenos, por meio de consórcio, e também aos municípios maiores para resolver o problema do desenvolvimento sustentável na questão dos lixões, que estão espalhados por 90% das cidades do nosso estado.
Quais são seus planos para 2014?
Confesso que nós não conversamos sobre isso ainda. Vamos deixar 2014 para 2014. Agora minha meta é poder desenvolver um bom trabalho, ajudar os municípios do Paraná e deixar um legado aqui na Sedu pelo tempo que eu ficar nessa pasta.
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