Numa clima de pressa e absoluta tranqüilidade, o Conselho de Ética do Senado absolveu nesta terça-feira (28) os três senadores acusados de envolvimento com a máfia dos sanguessugas buscar: Ney Suassuna (PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES). Os processos contra eles serão arquivados no próprio conselho. Suassuna
Por 12 votos a 2, o conselho aprovou apenas uma censura verbal a Suassuna. Os dois senadores que votaram pela cassação foram Demóstenes Torres (PFL-GO) e o próprio relator, Jefferson Peres (PDT-AM). Suassuna é acusado de participar da máfia dos sanguessugas por meio de um ex-assessor, Marcelo Carvalho, que recebeu R$ 225 mil da Planam, empresa que comandou o esquema. Ele também teria autorizado assessores a assinarem no seu lugar ofícios ao Ministério da Saúde em que pedia a rapidez na liberação de emendas. O senador nega as acusações. Peres pediu a cassação do mandato do colega argumentando que, apesar de não haver provas contra o senador, ele deveria pagar pelos erros dos assessores para limpar a imagem do Congresso. Os integrantes do conselho, no entanto, optaram por aprovar a sugestão do senador Wellington Salgado (PMDB-MG) de rejeitar a cassação e aprovar uma censura verbal a Suassuna. Com o resultado previsível, os senadores pularam a discussão do processo e seguiram diretamente para a votação. "Não há uma única prova contra o senador", disse Salgado. "Foram 140 dias de pancadaria", reclamou Suassuna. Percebendo a derrota, o relator jogou a toalha antes mesmo da votação. "Não vou fazer disso um cavalo de batalha". Serys
Depois de rejeitar a cassação de Ney Suassuna, o Conselho de Ética também absolveu Serys Slhessarenko (PT-MT), numa sessão que durou cerca de meia hora.
O relator do processo, senador Paulo Octávio (PFL-DF), pediu a absolvição alegando que não há provas de que Serys se envolveu com a máfia de compra de ambulâncias superfaturadas por meio de emendas parlamentares. "Não existem provas de qualquer acordo da senadora por emendas. Não há omissão na sua conduta", disse o relator. Serys foi acusada pela CPI dos Sanguessugas de envolvimento com o esquema depois que Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia, disse ter pago a Paulo Roberto Ribeiro, genro da senadora, um cheque de R$ 35 mil em troca de emendas dela para a compra de ambulâncias da Planam, empresa do próprio Vedoin. O genro de Serys nega a acusação e diz que recebeu dinheiro de Vedoin pela venda de equipamentos hospitalares. Ao Conselho de Ética, Vedoin confirma o pagamento ao genro da senadora em troca de emendas, mas nega que tenha negociado pessoalmente com ela. Para o relator, não ficou evidenciado que Serys soubesse que seu genro mantinha contatos com Vedoin. "Não foi provado que o genro da senadora estava autorizado a falar em seu nome. Não foi constatada prática incompatível com o decoro da senadora", disse o relator. Serys preferiu não se manifestar. Malta
Malta era o último senador que faltava ser julgado pelo conselho sobre o mesmo caso. Sua absolvição foi aprovada por unanimidade, com 12 votos. A CPI dos Sanguessugas acusou Malta de receber um carro da Planam, empresa que comandou o esquema, em troca de emendas que favoreceriam a empresa. O senador sempre negou a acusação. Disse que o veiculo, um Fiat Ducato, foi emprestado pelo deputado Lino Rossi (PP-MT), sem que ele o informasse da ligação do veiculo com a Planam. Dono da empresa, o empresário Luiz Antônio Vedoin disse ao Conselho de Ética que chegou a negociar com assessores dos senadores, mas afirmou que as emendas nunca foram apresentadas. Vedoin nunca confirmou que o carro foi entregue a Malta em troca de emendas. Ele disse apenas que o veículo foi doação para Lino Rossi em 2002. O próprio Rossi apresentou versão semelhante. O relator do processo contra Malta, Demóstenes Torres (PFL-GO), pediu então a absolvição do senador. Alegou que o veículo não era prova de envolvimento do senador com a máfia dos sanguessugas.
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