A Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado aprovou nesta terça (24) convite para que o ministro Thomas Traumann (Secretaria de Comunicação Social) explique aos senadores detalhes do documento que admite falhas na comunicação do governo e o uso de “robôs” para disseminar conteúdo favorável ao Planalto nas redes sociais.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) havia pedido a convocação do ministro, o que obrigaria Traumann a comparecer à comissão, mas aceitou substituí-la pelo convite depois que o chefe da Secom prometeu comparecer espontaneamente ao Senado. Pelo convite, Traumann não é obrigado a ir à comissão.
“Transformo a convocação em convite uma vez que o ministro se dispôs a vir. A disposição do ministro é vir logo que seja possível. Ele virá comunicar à comissão as razões desse documento. Quem não comunica, se trumbica. E quem comunica o que não deve, se trumbica mais ainda”, disse o tucano.
Traumann procurou os senadores Walter Pinheiro (PT-BA) e Cristovam Buarque (PDT-DF) para negociar a troca da convocação pelo convite. Os congressistas fizeram a proposta a Aloysio Nunes, que aceitou suavizar o chamado desde que o ministro estabeleça uma data para comparecer ao Senado. Traumann pediu que não seja na semana que vem, uma vez que saiu de férias após o vazamento do documento.
“Nada mais oportuno que o ministro promover esse debate aqui, apresentar a sua visão sobre o funcionamento da sua Secretaria de Comunicação. Tem sido uma praxe permitir inclusive que negociemos com os ministros”, afirmou Pinheiro.
Aloysio Nunes disse que a autoria do documento da Secom é atribuída a Traumann e, como o ministro não negou ter escrito o seu teor, fica claro o seu envolvimento no caso. “Se deve com toda segurança se atribuir a ele esse documento. É um documento complicado para o governo porque o ministro fala mal do governo. É natural que nas redes sociais a propaganda inspirada pelo PT e muitas vezes financiada pelo governo esteja perdendo de goleada”, disse o senador.
Divulgada na terça-feira (17) pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, a análise da Secom aborda estratégias da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e admite o uso de “robôs” para disseminar conteúdo favorável ao governo nas redes sociais.
O documento diz que os “eleitores de Dilma e Lula estão acomodados brigando com o celular na mão, enquanto a oposição bate panela, distribui mensagens pelo Whatsapp e veste camisa verde-amarela”. Em seguida, afirma que “dá para recuperar as redes, mas é preciso, antes, recuperar as ruas”.
O documento, que faz parte do trabalho de análise de conjuntura feito semanalmente pela Secom para a presidente da República, é dividido em três tópicos: onde estamos, como chegamos até aqui e como virar o jogo?
Depois das críticas à comunicação do governo e à atuação do PT em defesa do governo, o documento anota em seu terceiro capítulo que “não será fácil virar o jogo”, mas aponta que “a entrevista presidencial deste dia 16 foi um excelente início”, avaliando que Dilma Rousseff falou “com firmeza sobre sue compromisso com a democracia”, explicou de “forma fácil a necessidade do ajuste fiscal” e assumiu “falhas como a da condução do Fies”.
Segundo o texto, a “presidente deu um rumo novo na comunicação do governo”, mas “não pode parar”.
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