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Oposição e aliados do governo já traçam estratégias para uma provável nova eleição para a presidência do Senado. A ação mais ofensiva parte do PSDB, que vetou o nome do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) para a sucessão de Renan Calheiros (PMDB-AL). Entre alguns governistas, no entanto, ainda há temor de que o debate contamine a votação da CPMF. A oficialização da demissão de dois dos principais assessores diretos de Renan desde que ele assumiu a presidência - Weiler Diniz, da Secretaria de Comunicação, e Douglas De Felicci, da assessoria de imprensa -, e o fato de Renan ter dito a Tião Viana (PT-AC), presidente em exercício da Casa, que vai deixar a residência oficial, reforçam o debate sobre a sucessão.

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), advertiu que, dependendo do candidato escolhido para o lugar de Renan, o PMDB pode perder a vaga:

- Se o PMDB não souber fazer, corre o risco de perder. A priori acho que a oposição não deve lançar candidato. Só faríamos isso se o escolhido fosse um pau mandado do governo. Não quero nada bolorento. Não quero nenhum presidente avestruz - disse, reforçando seu veto público a Sarney e à senadora Roseana Sarney (PMDB-MA).

O líder do DEM, Agripino Maia (RN), que disputou a eleição com Renan, é cauteloso:

- A hora agora é de garantir que os processos contra Renan tenham continuidade - pediu.

Para o líder tucano, o sucessor de Renan pode ter ligação com o governo, mas, necessariamente, terá de ter bom trânsito com a oposição. Garibaldi Alves (PMDB-RN) é apontado nos bastidores como um nome que se encaixaria nesse perfil.

Tião Viana acha inoportuno debate sobre sucessão no Senado

Tião Viana, que esteve com Renan nesta quarta-feira, mas não quis discutir sobre possíveis sucessores do peemedebista, caso ele não volte à presidência após o afastamento de 45 dias.

- Hoje quem tem direito de ser presidente do Senado é o Renan Calheiros, que está afastado. Não acho conveniente antecipar qualquer discussão sobre a situação do senador após esses 45 dias. De minha parte, não haverá um milímetro de movimento sobre essa pretensão (continuar na presidência do Senado). Não vislumbro essa possibilidade. Eu cumpro a interinidade e quem quiser ser presidente da Casa vai ter de construir a maioria - afirmou Viana, que leu na noite desta segunda-feira, no plenário, o pedido de licença de Renan.

Segundo o petista, a hora é de diálogo e a antecipação do debate pode prejudicar, inclusive, a votação da CPMF.

- Acho inoportuno. No momento temos que recuperar a imagem e a credibilidade do Senado, e nada melhor para isso do que dialogar e votar. Não vamos conseguir um bom encaminhamento de votação se anteciparmos qualquer tipo de pretensão - disse Viana, que se reuniu com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para tentar melhorar a harmonia entre as duas Casas.

A cúpula do PMDB no Senado reconhece que está sem condições, pelo menos no momento, de conduzir o processo de sucessão de Renan, muito embora detenha a maior bancada. A não ser o senador José Sarney, nenhum outro nome reúne condição de unir os pemedebistas, mas o nome do ex-presidente sofre restrições de setores do PMDB e também da oposição. A avaliação é que o partido pode voltar ao posto, mas dentro de uma aliança: com a oposição, que se disporia a apoiar um nome como o do senador Jarbas Vasconcelos (PE), ou com o Palácio do Planalto, se o governo se dispuser a adotar o nome de um senador ou de um ministro peemedebista.

O problema do governo, na visão dos caciques pemedebistas, é que o PT vislumbra a oportunidade de ficar com o cargo em caráter definitivo. Se viabilizar um candidato, Lula deve fazer o que sempre faz nessas ocasiões: ficar com o PT. Mas o partido do presidente também enfrenta uma renhida disputa interna: a líder Ideli Salvati (SC), que esteve com Renan até os últimos dias, está indisposta com Aloizio Mercadante (SP), que, por sua vez, ficou mal com os colegas ao tentar justificar um voto de abstenção no julgamento que inocentou o presidente do Senado. Entre os dois está Tião Viana.

Quinta representação é enviada ao Conselho de Ética

A Mesa Diretora do Senado decidiu enviar para o Conselho de Ética a quinta representação por quebra de decoro contra Renan Calheiros, que na última quinta-feira anunciou seu afastamento.. A representação, assinada pelo PSDB e DEM, pede investigação da denúncia de que o senador alagoano, teria participação na suposta ação de espionagem contra os senadores Marconi Perilo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO).

A 'arapongagem' estaria sendo providenciada pelo assessor de Renan na presidência, o ex-suplente de senador Francisco Escórcio. E teria como objetivo final descobrir possíveis falhas dos senadores goianos para, depois, pressioná-los durante a tramitação dos processos contra Renan. O presidente licenciado do Senado negou qualquer participação no episódio.

O PSOL já estuda entrar com uma sexta representação pedindo a cassação do senador, tendo como base denúncias de que Renan teria favorecido uma empresa fantasma por meio de emendas no Congresso . As novas acusações, publicadas neste domingo pelo jornal 'Estado de São Paulo', tem como pivô uma empresa da qual seria dono um ex-assessor de Renan, José Albino Gonçalves de Freitas.

A 'KSI - Consultoria e Construções' está no cadastro da Receita Federal com sede em Pernambuco, com filial em Alagoas e capital social de R$ 600 mil. No entanto, de acordo com a reportagem, nunca houve uma empresa no endereço onde deveria funcionar a sede, no município de Aripueira. O fato não impediu a KSI de receber dos cofres públicos R$ 280 mil. Uma parte do dinheiro, liberada por meio do convênio com a Fundação Nacional de Saúde, só foi possível graças a uma emenda parlamentar de Renan. Pelo convênio, a KSI teria sido contratada para construir casas na cidade de Murici, que tem como prefeito Renan Calheiros Filho, responsável pela contratação.Para Casagrande, reunião do Conselho será 'divisor de águas'

O senador Renato Casagrande (PSB-ES) acredita que a reunião do Conselho de Ética, marcada para quarta-feira, pode representar um novo momento das representações contra o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros.

- Essa é uma reunião muito importante. É a primeira depois do afastamento do Renan e deverá ser um divisor de águas. Discutiremos o novo cronogroma e os rumos que serão dados ao caso daqui pra frente -disse Casagrande.

Desde sexta-feira o senador Jeferson Peres (PDT-AM) tenta notificar Renan para que ele apresente sua defesa na representação sobre sociedade oculta com o usineiro João Lyra, em um jornal e rádio de Alagoas. Mas até a tarde desta segunda-feira ainda não tinha conseguido.Senado tenta retomar normalidade com votação na quarta-feira

O plenário do Senado deve votar nesta quarta-feira o projeto de resolução, já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que impõe o afastamento de senadores que respondem a processos por quebra de decoro dos cargos de direção que ocupam na Casa.

O projeto, se aprovado, terá validade a partir de janeiro de 2008. Ou seja, apenas os senadores que passarem a responder processos a partir desta data serão afastados de funções que exercem na mesa diretora, em comissões permanentes ou em CPIs.

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