Enquanto o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos (PSB), diz que só decidirá em 2014 se deixa a base do governo de Dilma Rousseff, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) afirma que o socialista já é um "dissidente".
A declaração veio durante almoço servido na casa de praia de Jarbas, na região metropolitana do Recife, na tarde de hoje, do qual Campos participou.
"Na proporção que ele [Eduardo] continua dizendo que o governo andou, que o governo transformou, modificou, que o governo avançou, mas poderia ter avançado muito mais, então é uma dissidência", disse Jarbas, referindo-se à reportagem da Folha de S.Paulo publicada há uma semana que revelou bastidores do encontro do governador com empresários em São Paulo.Na ocasião, Campos disse que "dá para fazer muito mais" que a presidente Dilma.
O senador deixou claro que a afirmação sobre a "dissidência" é uma análise pessoal, mas falou sobre o assunto ao lado do governador.
Ex-desafeto político de Campos e aliado desde as eleições municipais do ano passado, Jarbas disse ainda que tem promovido conversas entre o governador e senadores. Ele afirmou que muitos colegas têm mostrado interesse em conversar com o provável candidato à Presidência.
"No Senado, está quase todo mundo, metade do Senado, ou mais da metade do Senado querendo conversar com ele", afirmou o senador, que completou: "isso não é uma frase de efeito. É uma frase verdadeira".
O senador disse que há "gente da base do governo" interessada na aproximação com Campos e citou como exemplos os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Pedro Simon (PMDB-RS), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES).Os encontros, segundo Vasconcelos, ainda não aconteceram por incompatibilidade de agendas.
O próprio governador admitiu que tem conversado com membros de várias siglas. "São pessoas dos mais diversos partidos e isso é natural que aconteça. Eu já fazia isso e estou fazendo com maior intensidade porque é fato que eu estou sendo mais procurado por lideranças políticas", disse Eduardo Campos.
O governador, no entanto, diz que as conversas não giram em torno de eleições. "Tenho conversado em termos políticos. Não tenho conversado em termos eleitorais", afirmou.
Lula e Dilma
Apesar de falar no tema, Jarbas disse que não é o momento para discutir eleição e criticou o ex-presidente Lula por antecipar o debate, ao lançar a presidente Dilma à reeleição.
"Isso que a gente está conversando agora, no dia 23 de março, é uma estupidez. A gente está discutindo questão eleitoral por conta de Lula, que lançou Dilma e arrastou dissidentes, no caso de Eduardo, arrastou Aécio [Neves (PSDB), senador], que é oposição."
Ao ser questionado sobre o cancelamento de parte da agenda que Dilma tinha prevista em Pernambuco na segunda-feira, Jarbas preferiu não falar, mas acusou a petista de fazer campanha eleitoral antecipada. "Ela está andando eleitoralmente em todo canto", disse o peemedebista.
Serra
Jarbas apoiou a decisão de Eduardo Campos de procurar o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) por entender que o tucano está desconfortável em seu partido."Se eu estivesse no lugar de Eduardo, faria exatamente o que ele está fazendo. Serra está numa situação de desconforto dentro do PSDB? Está. Então procura Serra, anda com Serra. É natural", afirmou.Em entrevista à Folha de S.Paulo, Serra disse que a candidatura de Campos "é boa para o Brasil e para a política". O pernambucano retribuiu com elogios e afirmando que tem mais pontos em comum com o tucano que com muitos aliados.
A troca de afagos gerou constrangimento dentro do PSDB. Hoje, Eduardo disse que, da última vez que encontrou o senador Aécio Neves em Brasília, ficaram de conversar quando o pernambucano voltasse à capital federal.
PesquisasNem Eduardo Campos nem Jarbas Vasconcelos quiseram comentar as pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas hoje. Ambas mostram ampla vantagem de Dilma Rousseff.
Segundo o Datafolha, Eduardo tem 6% das intenções de voto, enquanto Dilma tem 58%."Eu não costumo comentar pesquisa. Nunca fiz isso nem quando eu estava candidato, muito menos numa situação como esta", disse o governador. "Eu acredito em pesquisa, sempre trabalhei com pesquisa.
Vai ter tanta pesquisa este ano. Eu tenho coisas mais importantes para fazer", acrescentou.
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