O presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), anunciou na quarta-feira (15) que o senador João Pedro (PT-AM) assumirá a relatoria do processo sobre as supostas relações do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), com a cervejaria Schincariol. Essa será a segunda investigação contra Renan.
João Pedro é suplente do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), que deixou o Senado para assumir o ministério. O senador aceitou o convite depois de duas recusas. A primeira foi da comissão de três relatores, formada por Almeida Lima (PMDB-SE), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES), que cuida do processo contra Renan referente à suspeita de que ele recebeu ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais.
Depois, foi a vez de o vice-presidente do Conselho de Ética, Adelmir Santana (DEM-DF), não aceitar a missão. Quintanilha então convidou João Pedro, que concordou em ficar com a relatoria. Caberá a ele comandar as investigações sobre as denúncias e, ao seu final, recomendar ou não a cassação de Renan.
Em reportagem publicada no mês passado, a revista "Veja" noticiou que Renan teria atuado em favor da cervejaria no INSS para impedir a cobrança de uma dívida de R$ 100 milhões. Em nota publicada nos jornais em julho, a Schincariol disse repudiar "as ilações que relacionam suas decisões de negócio a questões políticas".
Primeiro processo
O processo sobre os supostos laços de Renan com um lobista de uma empreiteira está em fase final, dependendo apenas da conclusão de uma perícia da Polícia Federal em documentos apresentados pelo senador para comprovar rendimentos suficientes para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos.
Segundo Casagrande, Mônica entregou na noite de segunda (13) documentos que faltavam para a perícia. De acordo com o relator, a jornalista repassou ao conselho papéis referentes às datas em que recebeu o dinheiro do presidente do Senado.
Depoimento de usineiro
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), pretende ouvir o usineiro João Lyra em Alagoas nesta quinta-feira (16). Lyra diz ter sido sócio de Renan em empresas de comunicação em Alagoas. Renan, segundo o usineiro, teria usado terceiros nas transações. "Será na quinta. Ele (Lyra) disse que não vem ao Senado enquanto Renan for presidente. Então eu vou para lá. Ele disse que me receberá e falará tudo o que sabe", disse o corregedor, que conversou com o usineiro por telefone.
Segundo Tuma, o depoimento será dado em algum órgão público, como Assembléia Legislativa ou Polícia Federal, e poderá ser aberto, dependendo de Lyra. "Se ele quiser, pode ser fechado. Mas depende dele."
Também na quinta, a Mesa Diretora do Senado se reúne para analisar o pedido de abertura de processo contra Renan no Conselho de Ética sobre as acusações de que usou "laranjas" para comprar empresas de comunicação. De acordo com o segundo-vice presidente do Senado, Álvaro Dias (PSDB-PR), que presidirá a reunião, a tendência é autorizar a investigação.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Deixe sua opinião