Representante de Minas, o senador Aécio Neves (PSDB) fez 63% de suas viagens pagas com a verba de transporte aéreo do Senado para o Rio de Janeiro. Desde o início do mandato, o presidenciável pagou com dinheiro público 83 voos, dos quais 52 começaram ou terminaram na capital fluminense. Na maioria dos casos, embarca rumo ao Aeroporto Santos Dumont, o mais perto da zona sul, onde passou parte da juventude, cursou a faculdade, mantém parentes e costuma ser visto em eventos sociais.
O Senado pagou R$ 33,2 mil pelos voos a partir do Rio ou para a capital fluminense. Dos 25 que aterrissaram ali, 22 foram de quinta a sábado; dos 27 que decolaram, 22 saíram entre domingo e terça.
Capital do estado que elegeu Aécio e para o qual, oficialmente, o tucano dedica seu mandato, Belo Horizonte foi origem ou destino de 23, ou 27%, dos 83 voos feitos desde 2011. O número representa menos da metade das viagens com chegada ou partida no Rio.
Segundo a prestação de contas, a frequência de Aécio em Belo Horizonte foi inferior à de Zezé Perrella (PDT), colega na bancada mineira, que assumiu o cargo seis meses depois do tucano, em julho de 2011. Por ora, ele pediu reembolso de 47 passagens, das quais 39, ou 83%, referentes a Belo Horizonte. Ocupante da terceira cadeira de Minas no Senado, Clésio Andrade (PMDB) não voou com verba da Casa, segundo sua prestação de contas.
As passagens de Aécio pelo Rio costumam aparecer em colunas e redes sociais que, não raro, registram sua presença em baladas e eventos cariocas nos fins de semana.
Em tom bem-humorado, em 27 de agosto, a imprensa do Rio registrou a participação do senador numa celebração do "PC (Partido do Chope)", num bar em Copacabana, três dias antes. O Senado pagou R$ 939 pelo voo entre São Paulo e a cidade naquele dia, uma sexta-feira, e mais R$ 172 pelo trecho Rio-Belo Horizonte na segunda-feira seguinte. O encontro rendeu um vídeo, postado na internet, no qual Aécio caminha cambaleante até o balcão e entrega gorjeta aos funcionários.
De 24 para 25 de novembro de 2011, quinta para sexta, o tucano foi fotografado em casa noturna de São Paulo deixando o aniversário do piloto Dudu Massa, na companhia de uma socialite. No sábado, foi para o Rio com passagem que custou R$ 420 ao Senado.
Outro lado
Em nota, a assessoria de Aécio Neves informou que, conforme as normas do Senado, "não há restrição geográfica dentro do território nacional para deslocamentos", desde que comprovadamente realizados e dentro dos limites financeiros impostos.
O gabinete do parlamentar cita, ainda, o ato da Comissão Diretora nº 2, que prevê reembolso de bilhetes em todo o Brasil. "Portanto, não há restrição quanto a destinos ou dias de semana para utilização de passagens aéreas."
Sobre as viagens para o Rio, o gabinete informou que, "como de conhecimento público, Aécio tem endereços fixos não só em BH e Brasília, mas também na capital fluminense. O senador mantém rotinas e atividades regulares como parlamentar e agente político nessas cidades e passa os finais de semana com familiares no Rio e/ou Belo Horizonte".