Num momento crucial para o governo no Senado, uma aliada de primeira hora ameaça "abandonar o barco" caso o governo não apóie um projeto no Ceará. O ultimato pode tornar ainda mais nebuloso o cenário sobre a votação da proposta de emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
A senadora Patrícia Saboya Gomes (PSB-CE) diz que "não tem nada o que fazer na base aliada" se a Petrobras descumprir o acordo firmando em 2005 para fornecer gás à siderúrgica Ceará Steel a partir do ano que vem.
Apesar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter colocado a siderúrgica como prioridade de governo, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, tem afirmado que o investimento é economicamente inviável para o Ceará por representar prejuízo de US$ 320 milhões ao estado.
Esse seria o montante da renúncia com a arrecadação do Imposto sobre Comercialização de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 20 anos. "Eu confio na palavra do presidente Lula, mas o Gabrielli diz outra coisa desautorizando o presidente", disse Patrícia Saboya.
Alternativa: carvão
Por conta do impasse com a Petrobras, os sócios da Ceará Steel (Vale do Rio Doce, a coreana Dongkuk e a italiana Danieli) informaram o governo que dispensam o gás da Petrobras e vão usar carvão para produzir as lâminas de aço. A Vale pretende trazer o carvão da África. A empresa brasileira mantém uma mina do mineral em Moçambique, além de na Austrália e na China.
A senadora disse, no entanto, que a alternativa pode adiar a implementação da siderúgica no Ceará porque dependeria da chancela de novos investidores. O presidente da Vale, Roger Agnelli, apesar de sócio minoritário na Ceará Steel, busca mais sócios para o empreedimento.
A ameaça da senadora em deixar a base de sustentação de Lula no Senado veio em hora indesejada. O governo tem maioria bastante fragilizada na Casa. Para aprovar uma PEC, precisa da ajuda da oposição e evitar defecções entre os partidos aliados.
Em resposta à absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), PSDB e DEM (ex-PFL) descartaram a prorrogação da CPMF como prioridade. A iniciativa, que visa aumentar a pressão pela saída de Renan do cargo, recebeu apoio de Patrícia, mas não ainda do PSB.
Segundo a senadora, o líder do partido no Senado, Renato Casagrande (ES), apóia a pressão pela saída de Renan, mas descarta usar a CPMF como manobra. "Conversei com o líder Casagrande. Ele apóia a nossa iniciativa (para pressionar o presidente do Senado), mas disse que a parte da CPMF não pode apoiar por ser crucial ao governo", disse Patrícia Saboya.
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