Os senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA), citados por executivos da Camargo Corrêa que discutiam doações de campanha, admitiram que diretórios regionais de seus partidos receberam dinheiro da empreiteira para as eleições municipais do ano passado e criticaram o "viés político" da Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que teve como alvo esquemas de suposta lavagem de dinheiro, fraude em licitações, formação de quadrilha e evasão de divisas envolvendo a construtora Camargo Corrêa, e também investigou doações supostamente ilícitas a partidos políticos. "São insinuações aos partidos de oposição, sugerindo um viés político. Acho que o desenrolar das investigações vai demonstrar isso", alertou Agripino.
"Acho estranho que a Polícia Federal divulgue ou vaze uma conversa sem antes tentar esclarecer", atacou Ribeiro. O DEM do Rio Grande do Norte, segundo Agripino, obteve R$ 300 mil, e o PSDB do Pará, de Ribeiro, outros R$ 200 mil. Ambos ressaltaram, no entanto, que as doações foram legais e informaram que têm os recibos. Agripino acredita que foi citado na interceptação telefônica por ser presidente do diretório regional do DEM no Rio Grande do Norte. "As doações podem ter sido mencionadas como para o Agripino." O parlamentar admitiu que fez contato com um executivo da empreiteira, mas afirmou que não se lembra do nome do interlocutor.
"A Camargo Corrêa não tem uma obra em municípios em que candidatos do DEM concorreram à prefeitura", ressaltou. "Foi uma doação legal." Agripino enviou o recibo, no valor de R$ 300 mil, via fax ao Estado. Ribeiro descreveu passo a passo a transferência feita pela empreiteira para o PSDB paraense. Apontou as datas -15 e 23 de setembro de 2008 - e localizou as agências e contas correntes em que o valor de R$ 200 mil foi depositado. Agripino e Ribeiro estranharam a citação de seus nomes e, mais ainda, dos partidos de oposição ao governo federal na Operação Castelo de Areia, deflagrada pela Polícia Federal.