Parlamentares têm 1.336 funcionários nos estados de origem
Dos 81 senadores, 76 contam com servidores comissionados em seus estados de origem. Além dos três representantes do Distrito Federal, que já atuam diretamente em Brasília, apenas Fernando Collor (PTB-AL) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) não têm escritórios regionais com funcionários pagos pelo Senado. Collor e Gim Argello (PTB-DF), por outro lado, são os que têm mais funcionários em Brasília 65 cada.
No total, os escritórios regionais empregam 1.336 funcionários comissionados. A média é de 16,5 funcionários por senador. O número é pouco menor do que o de funcionários designados para atuar nos 81 gabinetes em Brasília: há 1.583 servidores nessa situação. O campeão de funcionários em escritório regional é João Vicente Claudino (PTB-PI), que tem 42 servidores atuando em Teresina. As informações são oficiais e constam da página da transparência do Senado, em www.senado.gov.br. (RWG)
Professor alerta ao risco de escritório virar lugar "apaniguados políticos"
Na visão do cientista político Adriano Codato, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a existência do escritório regional mantido pelo Senado, em si, não é um mal. "Pode ser bem usado. O Romário [deputado federal pelo PSB], por exemplo, contratou dois cientistas políticos para auxiliar o trabalho dele. O risco é que vire um lugar para colocar apaniguados políticos", afirma. Segundo ele, o Senado, assim como a Câmara dos Deputados, conta com um quadro técnico de servidores efetivos que é suficiente para prestar assessoria técnica aos parlamentares. O que ocorre, no entanto, é que os políticos sentem a necessidade de ter, além dos assessores estritamente técnicos, pessoas que possam assumir funções de apoio político. "É evidente que não estamos falando de servidores que vão agitar bandeiras na rua em época de campanha. Mas eles têm um papel importante na construção da reeleição. Estão mais ligados à carreira do político", diz. (RWG)
Os três senadores paranaenses gastam mensalmente R$ 230 mil para manter funcionários do Senado trabalhando em suas bases eleitorais fora de Brasília. Cada um deles mantém um escritório para o qual pode nomear funcionários comissionados. As despesas dos três equivalem a R$ 2,76 milhões do erário ao ano. A maior parcela é gasta pelo escritório do senador Roberto Requião (PMDB), que mantém 21 funcionários em seu gabinete curitibano. O gabinete dele no Paraná paga R$ 170 mil mensais em salário, contra R$ 33 mil do escritório local de Alvaro Dias (PSDB) e R$ 28 mil do gabinete paranaense de Gleisi Hoffmann (PT).
INFOGRÁFICOS: Veja quantos funcionários tem cada senador e quais são seus assessores
Os gabinetes servem para atender a população, mas também para abrigar aliados políticos. No caso do senador Requião, o gabinete curitibano tem entre seus nomeados três secretários do último governo do peemedebista. Estão na folha de pagamento Heron Arzua, que era o titular da Fazenda; Rafael Greca, da Habitação; e Luiz Fernando Delazari, da Segurança Pública. Um quarto ex-secretário, Benedito Pires, da Comunicação Social, está lotado no gabinete em Brasília. Os salários podem chegar a R$ 18 mil mensais, segundo informações oficiais divulgadas pelo Portal da Transparência do Senado.
Função
Os senadores afirmam que os escritórios são importantes para seu trabalho. Alvaro Dias, que mantém nove servidores comissionados em Curitiba, diz que o escritório é uma forma de aproximação com a população. "Atendo às sextas-feiras em Curitiba, o que reduz a necessidade de as pessoas terem de ir até Brasília para que possam falar conosco", diz o senador. No entanto, ele afirma que é possível ter um escritório mais enxuto. "Se tiver mais um mandato, penso em manter em Curitiba apenas uma secretária", diz.
Luiz Fernando Delazari, assessor de Requião, que atendeu à reportagem em nome do senador, diz que o escritório curitibano fica com funções importantes, como assessoria jurídica, comunicação social e trabalho nas redes sociais. Quanto à escolha de ex-secretários de Estado para as nomeações, ele diz que isso tem relação com a confiança do senador nos funcionários e com a experiência de cada um em sua área. "O Heron Arzua, por exemplo, ajuda o senador nos pareceres da Comissão de Assuntos Econômicos, e dificilmente alguém questionará a capacidade do ex-secretário para fazer isso", afirma.
Para Gleisi Hoffmann, que acaba de reorganizar seu gabinete depois de quase três anos na Casa Civil da Presidência, seria possível fazer uma diminuição no número de funcionários, desde que ela valesse para todos os senadores. O escritório dela no Paraná tem 10 funcionários. "Hoje, existe essa cultura. Se os outros têm essa representação no estado e eu não tenho, os eleitores vão reclamar e dizer que é mais difícil falar comigo do que com os outros senadores", afirma.
Qual a importância dos escritórios regionais dos senadores?Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura