• Carregando...

Em mais um capítulo da crise entre o Palácio do Planalto e sua base aliada no Congresso, senadores do PMDB se revezaram nesta quinta-feira (1º) em discursos para atacar o relacionamento da sigla com o governo. Na retomada dos trabalhos do Legislativo depois do "recesso branco", os peemedebistas acusaram o Planalto de não ouvir seu principal aliado e cobraram uma postura mais "dura" do partido nas negociações com o governo.

Presidente da sigla, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse que o relacionamento do Planalto com seus aliados "merece cuidado" diante do "esfacelamento" da aliança com os governistas, especialmente na Câmara. "Eu nunca tinha visto uma base tão fragmentada, isso contribui para as relações com o governo. A nave está um pouco desgovernada", afirmou.

Raupp defendeu, da tribuna, a redução no número de ministérios como forma de solucionar a "crise" de legitimidade política do país. "Impõe-se a revisão da enorme quantidade de ministérios no nosso país, criados sem outra finalidade que não seja a de contemplar os acordos costurados sob a égide do chamado presidencialismo de coalizão", afirmou.

Na mesma linha, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) disse que o PMDB deveria renunciar aos cargos que ocupa no governo para permitir a redução nos ministérios. "Deveríamos dar o exemplo, o primeiro passo, colocar à disposição da presidente da República os espaços que o PMDB ocupa no governo para que a presidente tivesse liberdade de fazer as suas escolhas e de ter autonomia. A nossa aliança não pode se dar por interesses secundários."

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que o PMDB se tornou um "partido auxiliar" do governo e não é mais "ouvido para nada". "Já estávamos afastados na condução da política econômica. Nunca fomos ouvidos, agora somos também menosprezados como parceiros políticos quando o país enfrenta uma de suas crises mais graves. Proponho que sejamos vozes ativas", afirmou da tribuna.

Líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE) disse que o dialogo com o Planalto será "essencial" para a retomada das votações no Congresso. O líder, que retorna a Brasília na semana que vem, afirmou que atua como "bombeiro" na bancada peemedebista, mas não vai se posicionar contra os colegas de partido --mesmo que isso signifique ficar contra o governo. "Tenho que ver as angústias de cada um. Eles [governo] não precisam do PMDB? Acho que precisam. Quem tem comando no PT sabe que precisa do PMDB, Mas a democracia é livre e o PMDB está atento a essas coisas."

Crise

Nos últimos dias, o governo tem atuado para minimizar a tensão com a base aliada. Além de liberar, de imediato, R$ 2 bilhões em emendas parlamentares, o Planalto tem prometido ampliar o diálogo com os governistas. A primeira rodada de conversas do governo com os aliados deve ocorrer com o PMDB na semana que vem. Dilma e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), devem se encontrar na segunda-feira para discutir a pauta de votações da Casa.

Os deputados retomam as votações na próxima semana deliberando sobre o projeto que destina receitas de petróleo para educação e saúde.

Não há acordo sobre a parte do projeto que trata do fundo social, espécie de poupança dos recursos. Se não houver um entendimento da matéria, a pauta da Casa ficará trancada sem votações.

No Senado, também está em jogo a aprovação do projeto que vincula 10% da receita bruta para a saúde, o que cria passe livre para estudantes no transporte público e o Plano Nacional de Educação.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]