O nome seria República de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) até poderia ser empossado presidente, desde que tivesse apoiado a separação do estado do restante do Brasil. "A moeda muito provavelmente não seria o Real. Até porque, né..." Esse é o país dos sonhos de Júlio César Bueno, um professor de história de 24 anos que comanda o Movimento São Paulo Independente.Na manhã deste domingo (25), dia do aniversário da capital, ele e seu grupo marcaram um encontro em frente ao Obelisco, em frente ao parque Ibirapuera, monumento símbolo da revolução constitucionalista de 1932. "O que nós queríamos era fazer uma visita, mas não vai dar", lamentou.
É que os vigilantes do local foram avisados de que haveria uma "manifestação", e decidiram fechar as portas. Como o encontro do grupo foi divulgado na última semana pela Veja São Paulo, Júlio e seus companheiros entenderam que eram o alvo da precaução. Não pareciam oferecer risco. Ao todo, o grupo não chegava a 20 pessoas.
Quando estão na rua, os entusiastas da independência de São Paulo pedem assinaturas de apoio para uma de suas bandeiras: a troca do hino do estado. Na avaliação do grupo, o Poema dos Bandeirantes "não tem melodia, nem a força" que o Estado merece. Eles advogam a adoção do Hino Constitucionalista, de 1932.Quantas assinaturas querem colher? "Um número significativo, para apresentar a um deputado que simpatize com a causa", diz Júlio.
E há um deputado que simpatize com a causa? "Simpatizante, simpatizante, não. O Coronel Telhada (PSDB) é um político que nós admiramos, mas ele já disse que é contra a separação", concluiu.O movimento foi criado em 1992, viveu um forte ocaso na virada do século e, mais recentemente, retomou suas atividades. "A maioria das pessoas que o fundaram morreu. Então nós começamos a nos falar, nos grupos, na internet", explicou Júlio --ele é o presidente do movimento.
"Às vezes marcamos reuniões públicas. As pessoas aparecem para ver do que se trata. Descobrem que não somos um grupo de nazistas, de xenófobos que quer expulsar nordestinos. Veem que somos pessoas normais", explica.
O movimento é a favor de que São Paulo tenha uma legislação penal própria, além de regras "objetivas e claras" para imigração. "Não queremos expulsar ninguém, mas o Estado está inchado, com 40 milhões de pessoas. Como controlar isso? Estimulando uma progressão demográfica em níveis controlados."
"Centenas de haitianos desembarcaram no Acre fugindo de seus país. O que fez o governador Tião Viana? Mandou todos eles para São Paulo. Claro, né? São Paulo resolve. Algumas pessoas acham que a gente não tem problema, que São Paulo é a Suécia. O Tião Viana pegou os haitiano e mandou para cá. Quem é xenófobo? Eu ou ele?", provoca Júlio.
Eles dizem não serem filiados a nenhum partido. Júlio criticou a presidente Dilma Rousseff (PT) e seus principais adversários na última eleição, Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB). Diz que os governadores de São Paulo, inclusive Geraldo Alckmin, foram "frouxos" e não estão preocupados de fato com o estado."Eles só pensam em uma coisa: Brasília. Querem ser presidentes", diz.
A principal justificativa para defender a independência do Estado é financeira. "São Paulo é o Estado que mais produz riquezas e esse dinheiro se perde na corrupção de Brasília", diz Júlio.
Questionado se seria um bom momento para pedir a independência do estado, justo quando ele atravessa a maior crise hídrica de sua história a ponto de precisar buscar água em rios federais para tentar resolver o problema a longo prazo, Júlio é pragmático.
"São Paulo produz R$ 400 bilhões por ano. Com esse dinheiro, eu dessalinizo água, como faz Israel. Eu tenho dinheiro, eu compro água", responde. "Nenhum povo que buscou a independência se arrependeu. São Paulo não vai ter saudade do colonialismo de Brasília", conclui Júlio.
Milei completa um ano de governo com ajuste radical nas contas públicas e popularidade em alta
Lula cancela agenda após emergência médica em semana decisiva no Congresso
Congresso prepara uma nova fatura para você pagar – e o governo mal se move
Prêmio à tirania: quando Lula condecorou o “carniceiro” Bashar al-Assad