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O bandido Gleivson Flávio de Sales, de 24 anos, que manteve por mais de 56 horas reféns uma mulher e seus três filhos, em Campinas, surpreendeu a polícia por sua inteligência. Segundo o delegado Rui Pegolo, da Divisão de Investigação Geral (DIG), Gleivson "é um bandido inteligente, que envolveu toda a polícia de Campinas por dias. Tem segundo grau completo, escreve bem e é resistente. Não demonstrava cansaço quando foi preso, ao contrário dos policiais que ficaram na operação."

A ficha criminal do bandido soma 6 metros de comprimento. Entre as acusações que pesam contra ele estão quatro processos por tentativa de homicídio. O delegado afirmou que Gleivson fugiu, em 31 de outubro de 2005, do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Campinas, por um túnel. Na prisão, ele aguardava julgamento pelas tentativas de assassinato, que ocorreram em 2003, no bairro de Sousas, em Campinas. O bandido também já teve um processo por porte ilegal de arma.

Nesta sexta, ele foi indiciado por cárcere privado, roubo, porte ilegal de arma, disparo de arma e resistência a prisão, crimes que podem render mais de 18 anos de cadeia. O preso tentou justificar sua atitude afirmando que é usuário de cocaína e maconha. Sempre com a cabeça baixa, usando somente shorts e com parte do rosto inchada, Gleivson afirmou que o furto de um videogame, na loja Fênix Games, na Galeria Rio Shopping, era para comprar drogas.

Ele ainda afirmou que manteve a família refém porque tinha medo de ser morto pela polícia e que nunca teve a intenção de ferir as vítimas. Garante que só disparou no fim da ação para afastar os atiradores de elite da polícia. Contou também que tem uma namorada e ela está grávida de quatro meses. Além disso, é pai de uma menina de 6 anos.

Depois de 56 horas de sofrimento, a família da funcionária de supermercado Mara Sílvia de Souza, de 29 anos, pensa em mudar de casa. Não querem ter lembranças do maior pesadelo de suas vidas. Além do mais, a casa foi quase toda destruída pelo seqüestrador e pela polícia, que teve que arrombar portas para poder resgatar Mara e seu filho Tiago, de 6 anos. As outras duas crianças já tinham sido liberadas.

- Cogitamos mudar de casa - Isvaldo Soares de Oliveira, de 32 anos.

Ainda nesta sexta, Oliveira, Mara e os filhos (Vítor, 9 anos, Tiago, 6 e Murilo, 4) iriam viajar para a casa de familiares em uma cidade do interior do Paraná. A idéia é ficar o mais longe possível do pesadelo.

Segundo a pedagoga Jussara Amorim, prima de Mara, as três crianças não conseguiram dormir direito na sexta-feira. Só pegaram no sono no início da madrugada e já estavam acordadas novamente antes das seis.

- Nós estamos tentando animar as crianças e quando elas estão com a gente, ficam bem. Mas quando estão sozinhas, o olhar fica distante - conta.

A família mora há 12 anos na Rua Cnêo Correia de Camargo, no Jardim Novo Campos Elíseos, em Campinas. A casa fica no fundo de um terreno que conta com outras duas residências, uma delas a da mãe de Mara.

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